Da produção e propagação do conhecimento à sua aplicação, as ações da Universidade de Caxias do Sul fundamentam o propósito institucional de promover o desenvolvimento regional e a inovação científica. Um dos contextos que mais sintetiza essa combinação é a atuação da Incubadora Tecnológica (ITEC/UCS), criada para apoiar a formação e consolidação de micros e pequenas empresas tecnologicamente inovadoras, visando ao desenvolvimento econômico e social.

A ITEC/UCS começou a operar em março de 1999. A partir de uma reformulação regimental, em 2003, adotou o modelo atual de fomento ao empreendedorismo, o que garantiu, desde então, o ingresso de mais de 50 empresas no mercado. Produtos e serviços que apostam na inovação ou uso intensivo de novas tecnologias, implementados por professores, alunos, egressos da graduação e pós-graduação e empreendedores sem vinculação com a UCS caracterizam os projetos desenvolvidos.

Apoio estrutural – “Dois fatores definem o sucesso de uma incubadora: que as empresas que passam por ela permaneçam no mercado; e que se crie uma forte rede de micros e pequenas empresas, capazes de sobreviver em momentos de crise e de crescer em condições propícias”, define Carlos Renato Barbosa Silva (foto), há 13 anos coordenador da ITEC/UCS.

Segundo Renato, é de 95% a taxa de sobrevivência das empresas incubadas na UCS após cinco anos de sua criação. O índice supera a média nacional de 90% (referente às empresas de base tecnológica). “No caso de empresas que não passam por incubadoras, essa taxa fica em torno de 30%”, complementa.

O diferencial da incubação é constituído pela formação em capacitação gerencial dos empreendedores, simultânea aos serviços de apoio para inserção no mercado, financiamento produtivo e infraestrutura, o que reduz os custos de um empreendimento iniciante em pelo menos 50%. Para o coordenador, a consolidação do modelo se expressa também na procura pela ITEC/UCS. “Há quatro anos não temos vagas ociosas. Ao terminar o contrato com um empreendimento, imediatamente temos o ingresso de outro”, explica.

NOVA MATRIZ BASEADA NA TECNOLOGIA

O pró-reitor de Inovação, Desenvolvimento e Tecnologia da UCS, Odacir Graciolli, frisa que o modelo de funcionamento da Incubadora Tecnológica de Caxias do Sul é alicerçado no investimento em pesquisa da Universidade, executada, sobretudo, nos programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado). Com isso, embora a maioria dos projetos incubados, em geral, venham enfocando produtos e serviços voltados aos segmentos de eletroeletrônica, metalmecânica, biotecnologia e informática, se ampliam as possibilidades de diversificação, alcançando os mais diversos setores, cuja geração de conhecimento é objeto de estudo na instituição.

Para o coordenador da ITEC/UCS, Carlos Renato Barbosa Silva (foto), o crescente investimento em empreendimentos direcionados à automação, e as potencialidades deste mercado, indicam um dos caminhos para a constituição de uma nova matriz econômica na região, promovendo um avanço da produção metalmecânica. “Há 20 anos um automóvel era um produto predominantemente metalmecânico. Hoje tem dispositivos como ignição e câmbio automáticos, controles de tração, freios, suspensão, computador de bordo, vários itens que dependem da eletroeletrônica”, exemplifica. “A automação está em tudo. A ideia é expandir para os diversos setores”, complementa Graciolli, referindo às iniciativas conceituadas como ‘portadoras de futuro’.

VANTAGENS DA INCUBAÇÃO

* Capacitação Gerencial: qualificação técnica nem sempre está vinculada ao domínio administrativo. Assim, os empreendedores são treinados na ITEC/UCS para transformar a ideia de um produto ou serviço em um negócio competitivo e sustentável. O processo de incubação inclui cursos sobre propriedade intelectual, finanças, custos contabilidade, marketing e outras áreas de aplicação direta no empreendimento. Os valores são, em média, de 10% dos de mercado.

* Apoio para participação em feiras e eventos: empresas vinculadas à ITEC/UCS também têm um custo em torno de 10% do que seria dispendido autonomamente em eventos empresariais. “Micros e pequenas empresas têm dificuldade de participar de eventos de grande porte. Este ano, vamos levar todas as incubadas para a Mercopar, maior feira de subcontratação industrial da América Latina”, exemplifica o coordenador Carlos Renato Barbosa Silva.

* Captação de financiamento: a ITEC/UCS auxilia as empresas incubadas na obtenção de recursos junto a agências de fomento como a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, empresa pública ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia), Sebrae, CNPq e Fapergs. Também um convênio com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) viabiliza o acesso a crédito.

* Serviços: a locação de espaço na ITEC/UCS inclui uso de sala exclusiva, equipamentos de informática, serviços de recepção, secretaria, telefonia e estacionamento e acesso facilitado aos laboratórios e à Biblioteca Central da UCS.

COMO INGRESSAR

1- Inovação e tecnologia – Conforme o coordenador Carlos Renato Barbosa Silva, o que define o ingresso de um empreendimento na Incubadora Tecnológica é “o grau de inovação ou o uso intensivo de novas tecnologias que a ideia de negócio possui”.

2- Pré-incubação gratuita – O nível de inovação é medido em uma entrevista inicial para avaliação do projeto, que pode ser encaminhado para um período de pré-incubação, gratuito, de até 90 dias. Nesse tempo, o empreendedor deve desenvolver o plano de negócio e registrar o CNPJ.

3- Dois anos de parceria – Se aprovada, a empresa contrata a incubação por até 24 meses. Como contrapartida, efetua o pagamento de mensalidade, fixada conforme o projeto de empreendimento. Após a saída para o mercado deve ocorrer o repasse de 1% do faturamento mensal referente ao período de incubação, durante tempo equivalente ao que permaneceu na ITEC/UCS.

CAPACIDADE E MANUTENÇÃO

A ITEC/UCS tem, atualmente, capacidade de abrigar 13 empresas simultaneamente. A manutenção decorre de receita própria (obtida pela prestação de serviços) que, somada a recursos da Fundação Universidade de Caxais do Sul (FUCS), responde por 65% do orçamento. Os 35% restantes provêm de repasse por convênio com o município.

Fotos: Claudia Velho