Intercâmbio internacional na graduação é fonte de amadurecimento profissional e pessoal.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 20/04/2017 | Editado em 02/05/2017

Ciente de sua tarefa de formar cidadãos competentes e capazes de interagir em diferentes ambientes, realidades e culturas, a Universidade de Caxias do Sul amplia as experiências e vivências de seus estudantes com a possibilidade de desenvolver atividades em instituições de ensino e pesquisa de outros países. Para isso, procura fortalecer sua imagem no cenário internacional, contando com duas centenas de acordos bilaterais com instituições de 30 países, e um programa de Mobilidade Acadêmica Internacional para Estudantes de Graduação, além de inúmeras missões e ações, que já propiciaram a mais de quatro mil estudantes a experiência de estudar no exterior.

Mas, como foi o início dessa caminhada da mobilidade acadêmica e internacionalização da UCS?

O início
Em 1995, duas acadêmicas do curso de Psicologia – Janaina Zanandrea Formolo Giacomelli e Carine Posenatto Chapochnicoff – estudaram por seis meses na Espanha, na  Universidade de Barcelona. Era o início do Programa de Mobilidade Acadêmica Internacional (PMAI). A experiência, considerada por elas – e por tantos outros alunos que as sucederam – foi reveladora e transformadora. “Foi uma experiência de desenvolvimento pessoal e independização. Foi, também, importante na formação profissional e na percepção de que já estávamos realizando um curso de muita qualidade aqui na UCS, complementado por esta maravilhosa experiência do intercâmbio. Esta constatação deu-se, por exemplo, no fato de que o curso de Psicologia da UCS era finalizado por quatro estágios de um ano cada, nas áreas clínica, comunitária, educacional e organizacional, enquanto na Universidad de Barcelona era apenas um estágio de um ano em área a escolher”, comenta Janaina.

Para Carine, “a experiência foi realizada da melhor forma possível. Mesmo sendo, naquela época, o intercâmbio algo não muito acessível, fomos muito bem conduzidas e assistidas durante o tempo em que lá estivemos. Sempre contando com o apoio do pessoal da UCS e com o acolhimento e suporte do pessoal da Universidade de Barcelona”.

Mesmo nos dias de hoje, no mundo digital, as dificuldades dos intercambistas são as mesmas: a adaptação durante os primeiros dias. “A chegada a um novo lar, saudades da família e da vida em outro país, organização burocrática de papéis, conta bancária, vistos, não conhecer a cidade e nem as pessoas foram dificuldades enfrentadas. Porém, isso foi sendo rapidamente superado com o auxílio amoroso de uma rede importante de pessoas envolvidas”, analisa Janaina, 41 anos, que segue a área de Psicologia Clínica.

“É inquestionável que um intercâmbio é uma grande oportunidade para um estudante universitário, ampliando o conhecimento cultural, pessoal e profissional. Como não se trata simplesmente de uma viagem, o intercâmbio agrega cultura, aprendizagens e novos conhecimentos que, com toda certeza, nos instigam a um novo pensar e, de forma sutil, nos convida a ver o mundo de outra forma, para além do que conhecemos. Sem dúvida, foi uma grande contribuição à nossa vida acadêmica e profissional. Culturalmente, o acesso que tivemos a outras culturas, novos costumes, formas de relacionar-se distintas, diversidade de opiniões, nos possibilitou um aprendizado extremamente importante. Sem falar na possibilidade em aprender uma nova língua. Mas, com certeza, o amadurecimento, fruto das novas experiências, e todo o conhecimento adquirido na área específica de formação, foram os grandes diferenciais. Voltamos mais maduras, com novas ideias, atitudes, opiniões e planos”, conclui a psicanalista Carine, 45 anos.

Desafios da globalização
A professora Luciane Stallivieri, que por 25 anos atuou na UCS e, ao longo de 15 anos conduziu os trabalhos na Assessoria de Relações Interinstitucionais e Internacionais – atualmente atua na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde ministra a disciplina “Internacionalização da Educação Superior e Gestão da Cooperação Acadêmica Internacional” – lembra que, na década de 1990, foi dado o início ao desenho da Assessoria. “Baseados na Declaração da UNESCO, divulgada no encontro de líderes da Educação Superior, que ocorreu em Paris, em 1998, tínhamos uma orientação de que a cooperação internacional não era mais uma opção para as universidades, mas sim uma importante diretriz, sinalizando que, através da internacionalização, as Instituições de Ensino Superior poderiam responder aos desafios impostos pela globalização. Dessa forma, a UCS partiu em busca de novos parceiros: procuramos as melhores instituições de Ensino Superior (IES) do mundo e iniciamos um processo de ampliação dos Acordos de Cooperação Internacional, que privilegiassem o desenvolvimento de ações que fortalecessem o Ensino, a Pesquisa e a Extensão, mas com um foco muito evidente na formação internacional dos acadêmicos de graduação”.

Assim, a Assessoria de Relações Interinstitucionais e Internacionais passou a coordenar as atividades de cooperação internacional, “não somente da Instituição, mas capacitando profissionais de várias instituições congêneres que perceberam que ali estava se formando um núcleo modelo de capacitação na formação de novos gestores para responderem pelos setores de relações internacionais das IES brasileiras. Com apoio da UCS, tive a oportunidade de presidir a Associação Brasileira de Educação Internacional – FAUBAI, que atualmente é reconhecida como o órgão de interlocução internacional com as mais importantes lideranças educacionais do mundo, o que também projetou a UCS no cenário da educação mundial”, ressalta Luciane.

Hoje, como pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Estudos em Administração Universitária UFSC, Luciane Stallivieri entende que discutir a internacionalização é mais que um desafio intelectual. “Sigo em busca de respostas a mim mesma, de questões que pululam na mente de todos os que se envolvem em questões internacionalistas. Ao estudar esse coletivo, mas tendo o estudante que faz seu intercâmbio e que se mobiliza como unidade principal de análise, sigo como pesquisadora, procurando contribuir para o entendimento de cada um dos momentos vividos. O diferencial e referencial fica na preparação, na abordagem, no acompanhamento e no acolhimento do regresso porque, como ocorreu comigo, com a realização de intercâmbios em Londres e em Bournemouth (UK), em 1991, e em Chicago em 1994, todos os que se envolvem em vivências internacionais retornam pessoas diferentes das que foram, não necessariamente melhores ou piores, mas com certeza mais solidários, mais tolerantes, mais flexíveis e com melhor entendimento de quem é o ‘outro’ ”, conclui.

Internacionalização
Para Fabiola Carla Sartori, coordenadora da Assessoria de Relações Interinstitucionais e Internacionais,  “a internacionalização deve ser entendida como uma ferramenta para a busca da qualificação, da ampliação de seu alcance e do acompanhamento da evolução científica no mundo. Ela não é um fim, mas um processo e deve ser compreendido pela comunidade acadêmica em suas diversas áreas”.

Há dois anos coordenando a área, Fabiola considera o momento favorável à real internacionalização da UCS, “contando com a compreensão desse processo e com a união de esforços com os demais setores da Instituição, destacando o apoio/incentivo da gestão”. Fabiola foca seus estudos de mestrado na área da Hospitalidade, especificamente na dinâmica do acolhimento institucional, pois entende que “através do acolhimento e da aceitação do outro na sua real maneira de ser, formaremos uma base sólida e eficaz, capaz de trazer  resultados positivos decorrentes das ações internacionais e interculturais”.

Na foto acima, Luciane Stallivieri (à esquerda) e Fabiola Sartori, durante encontro, em abril, na Conferência 2017 da FAUBAI, em Porto Alegre.

Fotos: Claudia Velho e acervo pessoal das entrevistadas.