Pesquisa do Instituto de Saneamento Ambiental aponta potencialidades na utilização de dejetos de suínos nos municípios do Corede Serra

Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Saneamento Ambiental comprovou que o interior dos municípios da região de abrangência do COREDE Serra tem potencial para gerar energia suficiente para alimentar uma cidade com 612 residências – equivalente a Serafina Corrêa e Vila Flores juntas –, o que corresponde a uma população de mais de 17 mil habitantes, considerando-se que cada residência do Rio Grande do Sul tem em média 2,9 pessoas (IBGE, 2005). Essa energia pode ser gerada a partir do processamento de uma matéria-prima abundante nas propriedades rurais: os dejetos de suínos.

A pesquisa, realizada em 33 municípios Corede Serra, foi aprovada como uma das prioridades na Consulta Popular de 2006, com recursos demandados pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado, no sentido de subsidiar a elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional de Saneamento.

Durante mais de um ano, os pesquisadores percorreram 2.830 propriedades rurais com criação de animais para abate (aves, suínos e gado) com o objetivo de identificar a quantidade de matéria orgânica produzida, os maiores geradores, e as ações que já vêm sendo efetivadas para minimizar o impacto ambiental desses dejetos nas águas e no solo.

Um dos focos da pesquisa foi a produção suinícola, pela geração de dejetos líquidos que causam um maior impacto no meio ambiente. "A ave tem dejeto seco que é retirado e transportado para outros locais para ser processado e transformado em adubo. Já o excremento do suíno é praticamente líquido, sendo aplicado na propriedade ou nas propriedades vizinhas", explica a coordenadora da pesquisa, professora Vania Schneider. O problema gerado pelos dejetos de suínos só não é maior que o enfrentado pelos órgãos de saneamento no meio urbano com o efluente cloacal. "Dependendo da fase de criação, o suíno pode gerar até três vezes e meia mais carga orgânica que o ser humano", destaca Vânia.

Segundo a pesquisa, o rebanho de 360 mil representa um potencial poluidor equivalente a uma população de 611,2 mil habitantes, em termos de geração de carga orgânica. Os pesquisadores também estimaram que estas atividades têm potencial para gerar anualmente 1,7 mil toneladas de nitrogênio, 1,2 toneladas de fósforo e 978 toneladas de potássio, o que demonstra o potencial fertilizante destes resíduos, se tratados adequadamente.

Os pesquisadores também destacam, como potencialidade, que através do tratamento dos efluentes por digestão anaeróbica, o rebanho suinícola da região tem potencial para gerar mais de 57,5 mil metros cúbicos de biogás que podem ser aproveitados na forma de energia dentro das propriedades.