Cidades de Santa Catarina e Paraná incluídas na pesquisa, do Laboratório de HIV/AIDS, sobre crescimento do HIV subtipo C

Um dos projetos coordenados pelo Laboratório de Pesquisa HIV/AIDS (LPHA), com recursos do governo norte-americano, dedica-se a estudar o crescimento do HIV subtipo C no sul do Brasil. A princípio, os pesquisadores concentraram o levantamento no Rio Grande do Sul, mas, partir de agora, esse projeto passa a receber recursos do Ministério da Saúde para estender o levantamento aos estados de Santa Catarina e no Paraná. "A epidemia no Brasil está sofrendo grandes transformações em relação às características moleculares do vírus circulante na região sul", diz o pesquisador Ricardo da Silva de Souza, coordenador do Laboratório (foto à direita).

Sul do Brasil
No Rio Grande do Sul, o Laboratório pesquisa testes feitos no Ambulatório Municipal de DST/AIDS, do Centro Especializado de Saúde (CES), em Caxias do Sul, no Hospital Partenon e no PAM 3 da Vila dos Comerciários, em Porto Alegre, e no CES de Viamão. Todas as pessoas que procuram esses locais para fazerem testes de HIV são convidados a doar uma amostra de sangue e responder a um questionário demográfico e comportamental. Com a destinação, pelo governo federal, de recursos para o projeto, passam a ser incluídos na pesquisa os testes feitos em unidades das cidades de Florianópolis, Itajaí e Curitiba.

O HIV subtipo C foi, inicialmente, identificado no Brasil, em Porto Alegre, no começo dos anos 90. A prevalência na região sul cresceu de 3% em 1994, para 22% em 2000 e atingiu 37% no ano de 2004 na capital gaúcha. Das 50 amostras de sangue já subtipados pelo projeto conduzido no LPHA, 53% são do tipo C; 27% do tipo B; 7% do tipo F (que também aparecem no Rio de Janeiro e na Bahia); e 7% da recombinação B/F.

Ainda de acordo com o coordenador do Laboratório, especula-se que o vírus HIV-1 C seja mais agressivo em nível populacional que o subtipo B, que é o mais freqüente no Brasil. Mas, preocupa o crescimento do C, que, no sul do país, já ultrapassa o tipo B. Ele explica que, para entender melhor o crescimento do subtipo C, estão sendo estudadas as características virais durante a fase aguda da infecção, nas fases iniciais da infecção, quando o vírus ainda não se adaptou à resposta imune do hospedeiro (paciente).

Inserção internacional
Por isso, o Projeto de Avaliação da Epidemia do HIV Subtipo C no Sul do Brasil, conhecido pela sigla IRID, aprovado pelo National Institute of Alergy and Infectious Diseases (NIAID), que faz parte do programa International Research on Infectious Diseases (IRID), se propõe a estudar dez mil pessoas que fazem testes para HIV nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) afiliados ao Laboratório de Pesquisa da Universidade.

A partir dos estudos deste projeto, observa o coordenador do Laboratório, outras iniciativas foram surgindo, como a de identificar pacientes com infecção aguda em tempo real. "Com os altos níveis de carga viral em pessoas com infecção aguda, seus parceiros correm sério risco de contaminação. Por isso, é necessário agilidade no diagnóstico de contaminação, carga viral e subtipagem", explica o médico.

Em Caxias do Sul, os participantes da pesquisa optam pela coleta de sangue no momento em que procuram o Centro de Testagem e Aconselhamento, a porta de entrada do Ambulatório de HIV do CES. Até final de junho deste ano foram registradas mil participações em todos os locais da pesquisa.