CARVI conclui pesquisa sobre perfil da Indústria Moveleira Gaúcha

O Núcleo de Pesquisa Aplicada da Região dos Vinhedos, em uma iniciativa conjunta com o Centro Gestor de Inovação e a Associação das Indústrias de Móveis do RS (Movergs), realizou, de janeiro a agosto, uma pesquisa encomendada pela Movergs com o apoio do CGI, MDIC e Governo do Estado, para identificar o perfil sócio-econômico e gerencial das empresas do setor Moveleiro do estado.

Foram entrevistadas 1.231 empresas, entre um universo de mais de 4 mil existentes no estado, utilizando-se a amostragem proporcional por cotas de acordo com a participação dos municípios por coredes. Dessa forma foi possível identificar onde estão os adensamentos da indústria moveleira gaúcha, quantificar dados gerais sobre a constituição e a performance das empresas, verificar dificuldades do setor, avaliar as práticas de gestão utilizadas, identificar os mercados consumidores, fornecedores e as formas de atuação.

O estudo também identificou um perfil geral do setor, principalmente quanto à gestão geral, setores administrativos/financeiros, marketing/vendas, produção, exportação e recursos humanos. Da pesquisa resultou um relatório de mais de 150 páginas, apresentado à Movergs. Os dados levantados irão auxiliar no planejamento estratégico das ações da Movergs.

Resultados
A partir dos resultados da pesquisa, observa-se que o setor moveleiro do estado apresenta um grande número de micros e pequenas empresas cujas aspirações e dificuldades são, de forma geral, diferentes nas médias e grandes empresas. Diferenças relacionadas tanto à forma de gerenciar os negócios, quanto às dificuldades encontradas. As diferenças não ficam restritas ao porte das empresas. Também estão nos níveis de lucro, localização e no fato da empresa ser ou não associada à Movergs. Verificou-se, de forma geral, que empresas de maior faturamento, com maiores margens de lucro, associadas à Movergs e localizadas na Serra são as que possuem as técnicas e ações de gestão mais aprimoradas, principalmente considerando as áreas de marketing/comercial, administrativa/financeira, produção e recursos humanos.

Os pesquisadores também constataram que, mesmo sendo constituído por 80% de micro e pequenas empresas, o setor possui mais de 30 mil postos de emprego direto.

Destaques da Indústria Moveleira do RS
72,7% das empresas faturaram em 2006 até R$ 250 mil;
85,6% das empresas possuem uma margem líquida de lucro de até 10%;
80,4% das empresas são consideradas micro empresas, ou seja, possuem até 19 funcionários. Destas, 83,2% faturam até R$ 250 mil ao ano;
12,6% são associadas à Movergs. Destas, 56,6% faturam acima de R$1 milhão e 51% são empresas pequenas (20 a 99 funcionários);
33,8% das empresas moveleiras encontram-se no Corede Serra (destas, 57,7% com faturamento anual de até R$ 250 mil), 14,5% no Corede Metropolitana Delta do Jacuí (destas, 85% com faturamento anual de até R$ 250 mil), 9,4% no Corede do Vale dos Sinos (destas, 80,2% com faturamento anual de até R$ 250 mil), e 8,4% no Corede das Hortênsias (destas, 62,5% com faturamento anual de até R$ 250 mil);
O número médio de funcionários por empresa foi de 19,5 (o que perfaz, para toda a amostra, um total de aproximadamente 24 mil funcionários);
Os principais móveis produzidos pelas empresas são: dormitórios (56,2% das empresas), cozinhas (48,8%), móveis sob-medida (35,6%) e móveis de banheiro (24,8%) (respostas múltiplas);
9,7% das empresas pesquisadas exportam. Os principais países importadores são os Estados Unidos (38,7% das empresas), seguido pelo Chile e Uruguai (28,8% cada), Argentina (23,4%), Espanha (16,2%) e Reino Unido (15,3%) (respostas múltiplas); As linhas de produtos mais exportadas são dormitórios (52,3% das empresas), sala de estar (27%) e sala de jantar (26,1%) (respostas múltiplas);
No que se refere aos programas de qualidade, 5% possui algum programa (1,7% PGQP e 1,3% ISO 9001). Além disso, 9,3% das empresas pesquisadas querem buscar novas certificações;
As formas de produção mais utilizadas são artesanal (69%), semi-seriado (17%) e seriado (14,3%). Nas empresas com faturamento de até 250 mil predomina o modo de produção artesanal (85,1% delas) e nas empresas com faturamento superior a R$ 1 milhão há um predominância da produção seriada (51,4% delas); As principais matérias-primas utilizadas pelas empresas são MDF (74,2% das empresas), painéis de compensado (23% das empresas) e madeira de lei (22,7% das empresas) (respostas múltiplas). Por outro lado, MDF e aglomerado/MDP são as matérias-primas mais consumidas (em volume);
75,8% não buscam financiamentos para suas atividades;
49% das empresas não possuem sistema informatizado;
54% utilizam algum tipo de terceirização;
79% das empresas pesquisadas não possuem formas de cooperação ou parceria (destas, 75,1% indicaram como razão a preferência por trabalhar de forma independente);
90,4% da gestão de recursos humanos é executada pelos próprios empresários, 7,6% executada por profissionais da própria empresa e 2% por empresas especializadas;
Percebe-se que a grande maioria das empresas pesquisadas (74,5%) encontra-se na faixa de salários médios de R$ 501 a R$ 1.000;
Identifica-se que a escolaridade média das empresas pesquisadas é: fundamental incompleto (14,9%); fundamental completo (46,8%), médio incompleto (20,8%) e médio completo (17,2%);
Verifica-se que as atividades executadas com maior regularidade pelos gestores são: cuidar da produção (70,1%), atividades ligadas à venda (60,4%) e cuidar da parte financeira (48,9%) (respostas múltiplas)