"Engenheiro do Futuro" mobiliza o estudante do ensino médio para a ciência e a tecnologia.

"A engenharia é uma das áreas do país mais carentes de mão-de-obra qualificada. Empresas chegam a recrutar profissionais no exterior e entidades representativas da indústria já declararam que a falta de engenheiros é um grande problema para o crescimento do Brasil". A informação é de reportagem do jornal Folha de São Paulo, de 4 de setembro de 2009, que tratava do desempenho dos cursos de engenharia na última avaliação do MEC, e reflete uma preocupação que não é somente do setor produtivo, mas que se estende aos órgãos de classe, às instituições de ensino e aos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia.

Na mesma reportagem, José Roberto Cardoso, engenheiro e professor da USP, afirma que "o Brasil comporta atualmente mais de 1.500 cursos de engenharia. Mais de 300 mil estudantes estão matriculados nestes cursos. No entanto, em média, menos de 15 alunos se formam por curso -e 60% daquele contigente se evade ao final do segundo ano, justamente por não ter formação adequada para acompanhar as exigências de um curso com alto teor de disciplinas tecnológicas."

Valorização do ensino de Ciências
Foi esse cenário que levou a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, a lançar edital para financiar projetos, no âmbito das instituições de ensino superior, voltados para valorização do ensino das ciências de modo a incutir no jovem o interesse pela tecnologia e engenharia, como atividade profissional de futuro.

A Universidade de Caxias do Sul, que tem no seu catálogo de graduação, oito engenharias (Ambiental, Química, Mecânica, Elétrica, de Produção, de Alimentos, de Materiais, e de Controle e Automação) assumiu o desafio de realizar, em parceria com a Coordenadoria Regional de Educação, com escolas de ensino médio e empresas da região, o Projeto Engenheiro do Futuro, envolvendo na sua execução professores e pesquisadores de diversas áreas de ensino da Universidade.

Aulas práticas e teóricas, além de atualizar conhecimentos, visam dar ao professor novas ferramentas que possam tornar suas aulas mais dinâmicas e interativas.

A estratégia foi direcionar as ações aos professores do ensino médio, oferecendo-lhes a possibilidade de fazer uma especialização em Novas Metodologias para o Ensino Médio em Ciências, Matemática e Tecnologia, no período de maio de 2009 a março de 2011. Nas aulas, realizadas em grande parte nos laboratórios da Universidade, além de uma abordagem mais criativa sobre como enfocar conhecimento científico em sala de aula, os professores têm a oportunidade de participar de oficinas ministradas pelos pesquisadores, onde vivenciam experiências pedagógicas que poderão ser reproduzidas em suas escolas. Numa segunda etapa do curso, os professores trarão seus alunos para a Universidade e, todos juntos, vão realizar atividades que mostrem ao estudante do ensino médio, a ciência acontecendo, seja através de um experimento prático, de uma visita orientada a um dos laboratórios da UCS ou de uma atividade de campo.

A intenção, segundo a coordenadora do projeto, Valquíria Villas Boas Gomes Missell, é aprofundar e ampliar a formação pedagógica dos professores do ensino médio de maneira que eles possam inovar em suas práticas docentes e assim "encantar" o estudante pelo conhecimento científico e tecnológico, que pode se converter, no futuro, na escolha de uma carreira na área das engenharias, levando do ensino médio uma base sólida de conhecimentos capaz de dar conta de um curso com alto teor de disciplinas tecnológicas.

Depoimentos
Nós fomos ouvir alguns dos professores que realizam a especialização para saber quais as suas primeiras impressões sobre o curso e de que maneira ele está alterando a sua prática docente. Veja AQUI o que eles disseram.

Na foto à esquerda, Carla Todero e Andréia Gobbi posam ao lado da maquete de uma usina de álcool construída pelos alunos do ensino médio da professora Carla, no Instituto de Educação Cenecista Santo Antônio. Na foto à direita o professor Igor Penso e Paula Isabel preparam-se para uma oficina no Instituto de Biotecnologia.