Estudos de laboratório da UCS levam Ministério da Saúde a validar técnica de diagnóstico de HIV.

Já estão valendo as novas normas determinadas pelo Ministério da Saúde para a realização dos testes anti-HIV. A Portaria 151, publicada no Diário Oficial da União do dia 16 de outubro, inclui metodologias mais modernas e muda o fluxograma para análise das amostras de sangue, ampliando as opções para realização dos testes por laboratórios. Entre as novidades está a validação para os testes a partir de amostras de sangue seco em papel filtro, que o Laboratório de Pesquisas em HIV /AIDS (LPHA), do Centro de Ciências da Saúde da UCS, vem pesquisando há três anos.

Durante a pesquisa, mais de 11 mil testes foram realizados comparando amostras de sangue seco com sangue total. "Comprovamos que os resultados sempre coincidiam e agora, essa portaria do Ministério está validando a técnica por nós pesquisada", comemora o chefe do LPHA, professor Ricardo da Silva de Souza (na foto, à esquerda da Dra. Rosa Dea Sperhacke, integrante do laboratório).

Ampliação do acesso aos testes
As novas normas valem para as redes pública e privada. Com isso, o Ministério da Saúde pretende agilizar o diagnóstico, permitir maior praticidade para os laboratórios e, principalmente, ampliar o acesso aos testes às localidades mais remotas do país. "O Brasil é um país continental e muitas localidades não dispõem de laboratórios, mas com a validação dos testes em sangue seco esse acesso fica garantido", argumenta Souza. A grande vantagem do exame em papel-filtro, destaca o pesquisador, é que as amostras de sangue total só poderiam ser analisadas e testadas até duas horas após a coleta. Já o sangue após seco em papel-filtro mantém as propriedades em temperatura ambiente por até 12 semanas. "Isso possibilita que um ribeirinho do amazonas também possa efetuar o teste", exemplifica.

Outra vantagem do teste em papel-filtro é a economia. O método de coleta de amostra em papel-filtro dispensa a necessidade de refrigeração para o armazenamento e transporte, reduzindo assim o custo de transporte que pode ser feito por correio sem riscos de contaminação ou perda da qualidade da amostra, reduzindo o valor dos exames. Também como a coleta é mais simples, já que o teste não exige grande quantidade de sangue – apenas algumas gotas são suficientes –, dispensa o uso de seringas e tubos. Para a realização do teste, o LPHA criou um kit (foto à esquerda), com papel-filtro, lanceta (espécie de agulha retrátil que, após utilizada uma vez, recolhe-se no interior de uma cápsula plástica), sachê de lenço com álcool, envelope em papel alumínio para preservar a amostra e envelope de carta-resposta (gratuita para quem responde).

Laboratório certificado
O Laboratório de Pesquisas em HIV /AIDS recebeu, em janeiro de 2009, a renovação do certificado de participação no Quality Assurance Program for Anti-HIV-1 in Dried Blood Spots, patrocinado pelo Programa para a Garantia da Qualidade de Triagem Neonatal (NSQAP) dos Centros para Controle de Doenças e Prevenção (CDC) sediado em Atlanta, nos Estados Unidos. De acordo com o chefe do laboratório, professor Ricardo da Silva de Souza, a obtenção dessa certificação foi resultado do desempenho apresentado na detecção de anticorpos anti-HIV-1 em amostras de sangue em papel-filtro enviadas pelo CDC durante o ano de 2008. "A certificação confirmou a política de qualidade que o laboratório vem desenvolvendo desde a sua fundação e representa um passo importante para a obtenção de outras certificações".

Pesquisador manipula amostras de sangue em papel-fitro, na foto à esquerda. À direita, as amostras estão no secador.

O Programa para a Garantia da Qualidade de Triagem Neonatal (NSQAP) dos Centros para Controle de Doenças e Prevenção (CDC) teve início no ano de 1978 e tem como objetivo avaliar o desempenho dos laboratórios que realizam ensaios utilizando amostras coletadas em papel-filtro e a condução de pesquisas no desenvolvimento de materiais para controle de qualidade. Atualmente esse programa abrange 372 laboratórios em 55 países.

Graças à pesquisa, financiada pela Unesco, com o apoio do Programa Nacional de DST/AIDS, o LPHA é referência em testes com sangue seco em papel-filtro.

Fotos: Daiane Nardino