Prouni e Programas de Bolsas FUCS garantem os estudos de mais de seis mil estudantes de graduação.

Inclusão, qualidade e mérito acadêmico
A noite do dia 9 de abril de 2010 foi um momento especial na vida de Franciele Becher. No dia seguinte ela completaria 24 anos e naquela noite seus amigos e familiares estavam no UCS Teatro para participar de uma cerimônia coletiva de formatura, na qual ela receberia o diploma do curso de Licenciatura em História. Estudante laureada, Franciele encerrava com "louvor" a primeira fase da sua trajetória acadêmica. A segunda, ela já havia iniciado um mês antes, quando começou seus estudos no Mestrado em História da UFRGS. Passada a formatura, ela se mudaria para Porto Alegre para poder dedicar-se em tempo integral aos estudos sobre "As políticas públicas de assistência à infância e à juventude empobrecida de Caxias do Sul, no período 1960/1990". Seu projeto de mestrado havia sido aprovado e para desenvolvê-lo nos próximos dois anos ela contaria com uma bolsa do CNPq.

Franciele foi bolsista do ProUni, de 2007 a 2009. Ela faz parte de um universo de milhares de estudantes que só puderam levar adiante o sonho do diploma de curso superior com a ajuda de uma bolsa de estudos. "Conseguir a bolsa significava também poder traçar outros planos na minha trajetória acadêmica". Além da bolsa do ProUni, Franciele ingressou no mundo da pesquisa durante o curso de graduação, primeiramente como voluntária, depois como bolsista PIBIC/CNPq, no Observatório de Educação da UCS. Dessa experiência surgiu o desejo de prosseguir na carreira acadêmica e continuar estudando. "Na pós-graduação, penso em potencializar todo o arcabouço teórico que acumulei ao longo da graduação".

A ampliação do número de vagas na educação superior é uma das metas do Plano Nacional de Educação. Segundo dados do MEC, apenas um sexto dos alunos do ensino médio chega à universidade. Como instituição de interesse público, a Fundação Universidade de Caxias do Sul – FUCS aderiu, no final de 2004, ao Programa Universidade para Todos - ProUni, que concede bolsas de estudos integrais e parciais em instituições privadas a egressos do ensino médio da rede pública ou da rede particular (na condição de bolsistas integrais), cuja renda per capita familiar não ultrapasse três salários mínimos, selecionados pelas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Por sua vez, as instituições que aderem ao programa recebem isenção de alguns tributos. Em seis anos, a UCS já concedeu cerca de 5,3 mil bolsas a estudantes do ProUni.

Bolsas próprias
No início de 2010, para corresponder ao que exige a Lei nº 12.101, que trata da certificação das entidades beneficentes de assistência social, a FUCS optou por criar o seu próprio programa de bolsas de estudo para estudantes de baixa renda, bancadas com recursos da instituição. Seguindo os critérios estabelecidos pela Lei, "o aluno a ser beneficiado será pré-selecionado pelo perfil socioeconômico e, cumulativamente, por outros critérios definidos pelo Ministério da Educação".

O reitor Isidoro Zorzi já disse que com a concessão de bolsas de estudo, a UCS passa a ter um contingente expressivo de estudantes que desfrutam da gratuidade no ensino, "um número que, em muitos casos, ultrapassa o efetivo de alunos de diversas instituições de ensino superior do nosso país".

Otimização dos recursos disponíveis
"Temos uma universidade pública dentro da UCS", costuma dizer o reitor que vê na oferta de vagas para o ProUni uma boa solução para todos os envolvidos: estudantes, universidade e poder público. Ao iniciar a sua segunda gestão na Administração Superior da UCS, em abril deste ano, ele reafirmou a decisão de não somente ampliar o ProUni, como também oferecer bolsas com recursos da própria Instituição. "Não estamos renunciando à receita, estamos, inclusive, oferecendo as condições para trazer de volta os estudantes com matrículas trancadas. Para atendê-los, estamos utilizando uma estrutura que já existe, otimizando os recursos de infraestrutura e de pessoal já disponíveis na instituição".

Mais de 4,5 mil estudantes da graduação responderam ao primeiro edital lançado no inicio do ano, sendo que uma boa parte era de estudantes que haviam trancado a matrícula por dificuldades financeiras. Ao final do processo de seleção, foram concedidas 1365 bolsas de estudos no valor integral (100%) do curso e 1135 com bolsas no valor de 50% do curso. No segundo semestre, um novo edital selecionou mais 106 estudantes (94 com bolsa 100% e 12 com bolsa 50%), que passaram a receber o auxílio a partir do período letivo 2010/4.

Construção da cidadania
As oportunidades geradas pela ampliação do acesso ao ensino superior são companheiras da "inclusão social" e da "diversidade cultural", questões sempre presentes no discurso pedagógico contemporâneo. Ao defender o ProUni, em evento nacional realizado no dia 23 de setembro, o ministro da Educação, Fernando Haddad, foi direto: "Conviver com a diferença é um elemento fundamental da educação. Se você não sabe conviver com a diferença, não está educado".

O pró-reitor Acadêmico, Evaldo Kuiava, também enfatiza o aspecto pedagógico e social do aprender na e com a diversidade cultural: "O agir não pode se reduzir a um acontecimento individual, a uma questão meramente subjetiva, pois, o humano só se efetiva completamente na relação com o outro, na relação social. Por isso, cabe à educação a tarefa da construção da cidadania, que não deve ser entendida como um processo de adaptação das pessoas a determinado modelo de sociedade, mas como a formação de seres capazes de contribuir efetivamente para a construção de um modelo social para que cada ser humano tenha condições de desenvolver seus projetos de vida de forma autônoma, livre e responsável e que, ao mesmo tempo, consiga contemplar em sua perspectiva a perspectiva dos demais na vida em sociedade".

No período letivo 2010/4, a UCS contabiliza 6303 estudantes de graduação com bolsas de estudo: 2494 com bolsas FUCS e 3.809 com bolsas do ProUni. "Ao oferecer vagas aos estudantes de baixa renda, a UCS não está somente cumprindo a lei da Gratuidade, mas, fundamentalmente, está cumprindo a sua missão social, ajudando a realizar o sonho de um futuro melhor para milhares de estudantes, que encontram no ensino superior o caminho mais seguro para realizar o seu projeto de vida" conclui o reitor Isidoro Zorzi.

Abaixo, estudantes de graduação que detêm bolsas do ProUni e do Programa de Bolsas FUCS dão seus depoimentos. Para ler o depoimento na íntegra clique no nome do estudante.

Satisfação dobrada
Bruna Treviso Cenci, 24 anos, está no último ano do curso de Ciências Biológicas, do CARVI. No início do ano, ela concorreu a uma bolsa FUCS. Ao saber que tinha sido contemplada, Bruna chorou. "Perdi o sono naquela noite e saí no dia seguinte para comprar uma calça jeans nova, porque há muito tempo não era possível comprar nada novo". A satisfação de Bruna era dobrada: sua irmã Nicole, que havia iniciado o curso de Pedagogia e fazia somente uma cadeira também recebera uma bolsa FUCS. "Ela terá um aproveitamento deste auxílio muito maior do que o meu", comemora Bruna que também fez iniciação científica por dois anos e é coautora de um "Guia prático de identificação de aves da região de Bento Gonçalves".

Já dá para investir em livros
Claiton Augusto Vargas Melo, 29 anos, quer ser professor, e com muito sacrifício ingressou na Licenciatura em Pedagogia no início de 2009. Em 2010, foi um dos selecionados com bolsa integral da FUCS. Ele lembra que foi uma emoção grande, "a mesma de um ganhador da mega sena". Com a bolsa, "diminuiu a pressão, dá para investir em livros e ter tranquilidade para chegar até a conclusão do curso". Sonho de muitos brasileiros, chegar à universidade para Claiton tem um significado bem concreto: “mudar de posição social, ter opção de escolha profissional, realizar-se, mudar paradigmas”. Defensor de uma maior inclusão na educação, Claiton acredita que “onde pobre e rico dividem o mesmo espaço a igualdade tem os mesmos pesos e medidas”.

Portas que se abrem
Cenair Oliveira, 19 anos, faz Engenharia Mecânica. Bolsista FUCS, ele divide seu horário com um estágio na Randon Implementos. Para ele, "um diploma de curso superior abre muitas portas para quem o possui, principalmente melhores oportunidades de emprego. Estou em busca da minha graduação para poder estar nessa situação, concorrer a boas vagas de emprego, ou manter aquela que eu estiver e sempre procurar crescer profissionalmente".

O estudo é a base de tudo
Jorge Antônio Viel, 21 anos, é um dos estudantes que recebeu uma bolsa FUCS para continuar seu curso de Licenciatura em Geografia no CARVI. Ele trabalha, com contrato temporário, para o IBGE. "Quando soube da bolsa fiquei muito feliz... Um diploma é muito importante, pois o estudo é a base para tudo, até mesmo para quem não vai exercer a profissão. Com um diploma você pode prestar concursos para nível superior e ganhar um ótimo salário".

Valor inestimável
Giselle de Lima, 22 anos, tem uma bolsa do ProUni para cursar o Bacharelado em Tecnologias Digitais. Estagiária na equipe do Site da UCS desde fevereiro deste ano, ela coloca em prática seus conhecimentos sobre a criação de interfaces gráficas. "Um diploma de curso superior é de um valor inestimável, acredito que isso possa fazer com que certos preconceitos sejam quebrados e as pessoas percebam que todo mundo é capaz, basta uma oportunidade. Com certeza há muitos talentos perdidos por aí por falta de oportunidade".

O diploma é o primeiro passo
Brayan Chaves Muhlen, 18 anos, natural de Passo Fundo, cursa Direito no Campus Universitário de Vacaria. Tem bolsa ProUni integral e se dedica exclusivamente aos estudos. "O diploma é, ao meu ver, o primeiro passo rumo a uma carreira profissional de sucesso. Considero-o como primeiro degrau da escada, já que não pretendo me limitar a concluir o curso. Desejo fazer uma pós-graduação e mestrado, no mínimo, pois quero dar aula um dia. A graduação pode mudar meu futuro, tornando-me um profissional competente e apto a desempenhar um ofício".

Muitos alunos necessitam de oportunidades
Denise Alves Vianna, 22 anos, é aluna do curso de Administração no Núcleo Universitário Vale do Caí. Natural de Novo Hamburgo e atua na área de vendas (mercado interno) de uma multinacional do ramo alimentício. "O diploma do curso superior é um sonho que pretendo concretizar em breve. Ele significa muito, mas certamente o conhecimento que eu obtiver durante todo o curso significará muito mais, pois é através dele que poderei exercer adequadamente a profissão escolhida. Depois desta conquista, não tenho muita ideia de como será o meu futuro, mas tenho certeza que surgirão novas oportunidades e,além disso, poderei iniciar uma especialização na área de maior interesse profissional".

Uma oportunidade que muitos não podem ter
Bruna Zortéa, 20 anos, cursa Direito no Núcleo Universitário de Guaporé. Tem bolsa FUCS e é estagiária do Gabinete da Juíza da 1ª Vara Judicial da Comarca de Guaporé. "O meu maior sonho, quando estava no ensino médio era conseguir prestar vestibular e, mais, conquistar uma vaga em uma universidade conceituada".

Futuro melhor
Ivanete Tonato, 35 anos, cursa Letras em Veranópolis, com disciplinas no Campus Universitário da Região dos Vinhedos. Natural de Veranópolis, é agente comunitária de saúde."O diploma é muito mais do que um documento que dá credibilidade e atesta conhecimentos profissionais adquiridos ao longo de nossa vida. Temos que refletir muito sobre as possibilidades de sucesso no futuro".

A conquista de um sonho e o direito de construir minha história
Adélia Fernanda Pacheco Pires, 45 anos, faz Pedagogia no Campus Universitário de Vacaria. Natural de Caxias do Sul, atua como técnica em Enfermagem e tem bolsa ProUni. "Estar na universidade significa uma postura ativa, diante da sociedade e dos acontecimentos, a luta contra o conformismo, a conquista de um sonho e o direito de construir minha história. O meu futuro começou a mudar a partir do primeiro dia de aula, com novas visões, sobre o que é ser cidadão, com essa nova leitura de mundo, que foi se revelando. Está sendo muito válido não só na minha formação profissional, mas também pessoal".