BIOTECNOLOGIA: pesquisa sobre agenesia dentária destaca-se em 1º lugar em evento internacional.

"A premiação do meu trabalho é uma conquista de todos que de alguma forma contribuíram para o sucesso da pesquisa: professores e colegas da UCS, participantes da amostra estudada e familiares. É uma grande satisfação fazer parte do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UCS, um dos melhores programas de pós-graduação do país, com nível 5 na avaliação da CAPES".

Breno Ramos Boeira Júnior é graduado em Odontologia pela PUC-RS (1996), onde também fez o Mestrado em Odontologia no Programa de Pós-Graduação em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo Facial - Área de Concentração Ortodontia e Ortopedia Facial (2002). Com experiência docente no Departamento de Cirurgia e Ortopedia da UFRGS, Breno ingressou em 2008 no Doutorado em Biotecnologia da UCS, onde estuda a "Associação de Polimorfismos nos Genes MXS1 e PAX9 com Agenesia Dentária", com a orientação do prof. Dr. Sergio Echeverrigaray.

Sua pesquisa de doutorado foi classificada em 1º lugar na 90th Annual Session of the Southwestern Society of Orthodontists - SWSO, realizada entre 28 e 31 de outubro de 2010, na cidade de Austin, Texas, EUA. O evento destina-se à classe odontológica na especialidade de Ortodontia e Ortopedia Facial.

"A pesquisa acadêmica sempre foi alvo de grande interesse para mim e encontrei no Instituto de Biotecnologia e no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia o incentivo necessário para investigar sobre a origem genética de anomalias relacionadas à Odontologia e sobre os métodos de diagnóstico precoce baseados em marcadores moleculares".

Reconhecimento internacional
Breno fez uma apresentação oral do seu trabalho e foi sabatinado por uma banca, composta por três ex–presidentes da Southwestern Society of Orthodontists, que avaliou a apresentação oral, a exibição de poster clínico e a relevância da pesquisa.

"Essa premiação significa o reconhecimento internacional de uma pesquisa de doutorado que está sendo desenvolvida no programa de Pós–Graduação em Biotecnologia da UCS. Esse reconhecimento igualmente advém do fato do trabalho associar recursos da genética molecular com odontologia. Em nível clínico, destaca-se a importância de se realizar estudos baseados em genética que possam contribuir com a busca de métodos para detecção precoce de anomalias dentárias, que atualmente ainda não se encontram disponíveis. Ela significa também um grande estímulo para que mais pesquisas sejam realizadas utilizando-se a biologia molecular na elucidação das causas de desordens bucofaciais".

Breno pretende concluir seu doutorado no final de 2011, efetivando a publicação internacional dos resultados obtidos. "Como perspectiva futura pretendo fazer um pós-doutorado nos EUA e assim dar continuidade à docência e à pesquisa. Há um cenário muito promissor em termos de avanços nas áreas de biologia molecular, bioengenharia e odontologia. Essa inter-relação proporcionará, em um futuro de médio prazo, diagnósticos e tratamentos voltados à base genética de cada indivíduo".

Do que trata a pesquisa premiada
Agenesia dentária é a definição para a ausência de formação do germe dentário, implicando na inexistência definitiva de um ou mais dentes. É a anomalia craniofacial humana mais frequente, podendo atingir até 20% da população em geral. Clinicamente, podemos observar que dentes ausentes provocam uma mastigação ineficiente e uma mordida instável, alterando o equilíbrio entre as estruturas dentárias, ósseas e músculos faciais. Como consequências, podem surgir cefaleias, distúrbios na articulação temporomandibular (ATM), dores no pescoço e dificuldades na fonação. Além disso, outra situação corrente é a baixa autoestima em função de um sorriso não-agradável.

A pesquisa objetiva identificar a presença de mutações que possam estar relacionadas à causa das agenesias dentárias em uma amostra constituída por famílias que apresentam oligodontia, ou seja, seis ou mais dentes ausentes. Os genes analisados são o MSX1 e o PAX9, os quais têm importância fundamental na formação dos dentes. O DNA é isolado a partir de coleta salivar, um método não-invasivo, rápido e indolor. Em seguida, reações de PCR amplificam as sequências do DNA específicas a serem estudadas. Por meio de sequenciamento -método que utiliza um aparelho sequenciador a laser-, essas sequências são visualizadas e interpretadas em relação ao GenBank (Banco de dados na internet onde estão depositadas as sequências originais do DNA). Assim, alterações podem ser identificadas ou não. Em caso positivo, uma análise mais específica determinará o grau de significância dos resultados.

Até o momento, foi possível identificar quatro mutações que podem ter contribuído com a manifestação da agenesia dentária nas famílias estudadas. Contudo, novas informações serão agregadas já que a pesquisa encontra–se em andamento. Convém salientar que, atualmente, não há um método de diagnóstico que permita a detecção precoce da agenesia dentária. Assim, uma das propostas desta pesquisa é contribuir com a identificação de variantes genéticas que poderão auxiliar no desenvolvimento de um exame de DNA para o diagnóstico precoce dessa alteração, que uma vez detectada precocemente, possibilitará ao paciente receber um tratamento mais específico e eficaz em relação às alternativas disponíveis nos dias atuais.