Universidade apresenta Mostra Fotográfica "Bortolo Ceconello: de pedra, para sempre".

Começa nesta sexta-feira, dia 8, a Mostra Fotográfica "Bortolo Ceconello: de pedra, para sempre", organizada pelo Instituto Memória Histórica e Cultural em comemoração aos 80 anos da Cooperativa Vitivinícola Victor Emmanuel Ltda., de Caxias do Sul. As fotos são de Aldo Toniazzo e registram detalhes do patrimônio cultural construído pelo construtor e mestre de cantaria Anthonio Bortolo Ceconello (1893-1951).

O evento de abertura será na sexta-feira, às 20h, na Cooperativa Vitivinícola Victor Emmanuel (na Vila Maestra - RS 122 - Km 84 – Caxias do Sul) com a participação do Coro da UCS.

A mostra fotográfica faz um resgate da obra de Anthonio Bortolo Ceconello, mestre de cantaria e construtor, que deixou uma obra civil de grande importância cultural para a nossa região. Bortolo, além de ter trabalhado na construção da sede da cooperativa, foi sócio, administrador e membro de sua diretoria. São 32 quadros com fotografias de Aldo Toniazzo, com a curadoria de Luiza Iotti, Eliana Rela e Valdir dos Santos.

A mostra pode ser visitada na sede da Vitivinícola, durante a primeira semana. Em seguida seguirá um roteiro de exposição em outros locais.

De pedra, para sempre - A obra de Bortolo Ceconello
Valdir dos Santos
Caxias do Sul, 1931. Nascia a Cooperativa Victor Emannuel, unindo um grupo de trabalhadores rurais cuja maior preocupação era garantir o preço justo para sua colheita de uvas, capaz de se transformar em vinho, em negócio, em renda, em bem estar para a família.

A Cooperativa nasce, sua cantina alicerçada no mais rústico basalto da região, pedras rusticamente extraidas da natureza que são criteriosamente ordenadas por Bortolo Ceconello (1893-1951).

Bortolo sabe o que faz, organiza a obra, prepara o espaço, rasga espaços no chão, na terra, na mesma terra que alimenta os vinhedos, na mesma terra que plantam as lavouras, os pomares. Bortolo é visionário, imagina as bases, desenha os limites no chão, contorna os espaços com blocos pesados de basalto, delicadamente talhados com sua força de trabalho, de suor, de cansaço. Uma a uma, as pedras se alinham, se amoldam, se fundem uma nas outras para virar alicerces, para virar paredes, para serem molduras de janelas e portas, de janelas e portas que se abrem para o verde, para a terra molhada de chuva. Bortolo ergue casas, ergue cantinas que abrigarão casas, casas que serão lares, lares que acolherão e gerarão outras famílias.

Bortolo faz muros, faz jardins, faz escadas e traça rumos para o abrigo das pessoas, dos animais, dos mortos, faz igrejas, faz bases onde ficarão os altares. Bortolo cria espaços para o futuro, para os sonhos, para os passos tímidos das crianças, faz os alicerces das casas onde dançarão os noivos, faz espaços para acolher os santos das capelas.

Bortolo faz casas e cantinas e escadas e igrejas e muros. Bortolo faz espaços para as belezas da vida simples da colonia, para os vinhos, para o trabalho, para a oração. Faz coisas simples que serão quase eternas. Bortolo brinca, menino adulto, com a dureza da pedra. E se eterniza, sem saber, para que, muitos anos depois, busquemos, por um momento, um diálogo silencioso com suas pedras, essas pedras duras que ele, delicadamente, deixou para desafiar o tempo.

Fotos: Aldo Toniazzo