Engenharia de Superfícies: pesquisas avançam na compreensão do tratamento anticorrosão.

Um conjunto de trabalhos de mestrado e de iniciação científica da UCS contribui para avanços significativos na compreensão da oxidação a plasma e suas aplicações. Os trabalhos vêm sendo realizados no contexto do Programa de Pós-graduação em Materiais da UCS e da seção caxiense do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies, localizada na UCS.

A oxidação a plasma é um tratamento de superfícies que aumenta a vida útil de peças metálicas, principalmente com relação à sua resistência à corrosão. O tratamento é aplicável em ramos da indústria presentes na região de Caxias do Sul, como o automotivo e o de injeção de alumínio e zamac.

Na UCS, os estudos sobre oxidação começaram com a preocupação de compreender profunda e amplamente como funciona o mecanismo. "A oxidação a plasma já é oferecida por algumas empresas de tratamento de superfícies no mundo", contextualiza o professor Carlos Figueroa, orientador dos trabalhos sobre oxidação. "Porém, a compreensão do fenômeno ainda é limitada, e a bibliografia era controversa em algumas questões, principalmente na formação da hematita", finaliza o professor.

A hematita é um dos óxidos de ferro que podem se formar durante uma oxidação. Ela constitui uma camada porosa, de baixa resistência à corrosão, elevado atrito e crescimento descontrolado, que interessa eliminar do processo de oxidação. Hoje, a partir das pesquisas realizadas na UCS, pode-se afirmar que a introdução de íons de hidrogênio na oxidação tem o poder de evitar a formação de hematita. "No laboratório, conseguimos realizar tratamentos que resultaram em camadas de óxido totalmente livres de hematita", completa o professor.

O equipamento para realizar a oxidação nas amostras, uma oxidadora a plasma de escala laboratorial, foi construído pelos estudantes, orientados por Figueroa. "O fato de conhecer o equipamento muito bem nos permite um domínio maior do processo", diz Figueroa.

Outra conclusão importante das pesquisas sobre oxidação realizadas na UCS foi a constatação de que a qualidade do aço tratado afeta significativamente a qualidade da oxidação. Em outras palavras, em aços com nível maior de impurezas, o efeito protetor da oxidação é menor. A equipe fez testes com alguns tipos de aço. "Para o aço normalmente utilizado nos moldes de injeção, a oxidação funcionou perfeitamente nos nossos testes", afirma Figueroa. De acordo com o professor, os testes de névoa salina, realizados no Laboratório de Corrosão da UCS, mostraram uma alta resistência à corrosão, equivalente à do cromo duro. Nos moldes de injeção, a oxidação, além de proteger da corrosão, evita o "agarre" do alumínio ou do zamac ao molde e diminui o coeficiente de atrito do material, permitindo diminuir o uso de lubrificantes.

As equipes das seções UFRGS e PUC-Rio do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies colaboraram nas pesquisas. Atualmente, os estudos sobre oxidação a plasma continuam em trabalhos de mestrado e iniciação científica de interesse da indústria automotiva. "Estamos estudando a resistência à corrosão de partes de motores tratadas a plasma em contato com etanol combustível", explica Figueroa.

Jovem Pesquisador
Os resultados conseguidos até o momento foram apresentados em três conferências internacionais e publicados em dois periódicos científicos, também internacionais e de alto impacto. E, uma das pesquisas que colabora para se chegar a esses resultados, é a pesquisa "Estudos e caracterização de ligas ferrosas nitroxidadas por plasma", da qual Fernando Graniero Echeverrigaray (foto) participa há um ano e meio como bolsista de iniciação científica.

Na semana em que a UCS realiza o XIX Encontro de Jovens Pesquisadores, o bolsista PIBIC/CNPq apresentou nesta quarta-feira, dia 9 de novembro, os resultados da pesquisa em que atua, orientado pelo coordenador do Programa de Pós-graduação em Materiais, professor Israel Baumvol.

Participando pela quarta vez do Encontro da UCS, o acadêmico afirma que "pesquisar é uma forma de se manter atualizado nos assuntos da área e de aprender coisas novas todos os dias". Fernando termina o curso de Engenharia de Materiais no final deste ano e quer seguir carreira de pesquisador. "Venho de uma família de pesquisadores e depois da graduação pretendo ingressar no Mestrado", afirma o futuro engenheiro.

Foto: Jonas Ramos