Pesquisa: docente da UCS faz parte de grupo que publicou artigo científico na Nature Materials.

Jadna Catafesta faz parte do grupo de 10 pesquisadores de laboratórios da França, Reino Unido e Alemanha que assinam o artigo "Giant negative linear compressibility in zinc dicyanoaurate" publicado pelo periódico mais prestigiado da área de Materiais: a Nature Materials.

Aos 32 anos, a professora Jadna Catafesta conseguiu uma realização almejada pela maioria dos pesquisadores da área de ciências exatas e tecnológicas: ter um artigo publicado em um periódico da editora Nature. [Leia o artigo].

Jadna se formou em Engenharia Química pela UCS em 2004 e, em seguida, realizou o mestrado em Materiais, também na UCS. Depois de um doutorado em Materiais na UFRGS, concluído em 2011, e de um pós-doutorado na França, na Université de Montpellier 2, ela voltou ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da UCS, onde faz parte do corpo docente desde o início de 2012.

O artigo foi resultado do trabalho de uma equipe que envolveu 10 pesquisadores de laboratórios da França, Reino Unido e Alemanha. Jadna, que estava realizando seu pós-doutorado em um dos grupos franceses, participou ativamente do trabalho, na coleta dos resultados experimentais, nas medidas de espectroscopia Raman e difração de raios X realizadas na França e nas medidas de difração de raios X em instrumentos de grande porte do Reino Unido.

"É de extrema importância para a formação de um pesquisador sair do seu ambiente de formação e participar de outros ambientes de trabalho, e, principalmente, conviver com pesquisadores de diversas instituições do mundo".

A publicação na Nature Materials colocou a professora Jadna em destaque no mundo acadêmico e ela nos conta um pouco da sua trajetória. Seu depoimento pode servir de exemplo e inspiração para estudantes e professores que se dedicam à pesquisa na Universidade.

Conte-nos um pouco da sua história prévia ao ingresso na UCS.
- Nasci em São Marcos, cidade próxima a Caxias do Sul, onde realizei meu ensino fundamental. Realizei o meu ensino médio na Escola Nossa Senhora do Carmo de Caxias do Sul. Quando finalizei o ensino médio ingressei na UCS no curso de Engenharia Química.

Como começou o seu gosto pela ciência e a sua trajetória de pesquisadora?
- Minha história na pesquisa iniciou-se logo no terceiro ano da graduação, quando comecei minha iniciação científica passando por diversas áreas, entre elas, a Química e a Física. No meu último ano de iniciação científica e também da graduação, realizei um trabalho voltado à área de Materiais, sob a orientação do professor Cláudio Perottoni.

A partir desse trabalho resolvi seguir a carreira acadêmica na área de Materiais e fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado. O entusiasmo pela pesquisa de todos os orientadores e professores que tive certamente contribuiu para que eu prosseguisse a carreira acadêmica.

O que você destacaria da formação adquirida na UCS e do que você aprendeu nas outras instituições?
- Da minha formação na UCS, eu destacaria a oportunidade de trabalhar com profissionais reconhecidos que abriram as portas para meu ingresso na pesquisa de ponta. O aprendizado fora da UCS está relacionado com a experiência de trabalhar em outros laboratórios onde tive a oportunidade de conhecer diferentes pesquisadores e colaborar em diversas atividades científicas. É de extrema importância para a formação de um pesquisador sair do seu ambiente de formação e participar de outros ambientes de trabalho, e, principalmente, conviver com pesquisadores de diversas instituições do mundo.

Como é atualmente a sua vida de professora pesquisadora aqui na UCS?
- Agora em março, estou completando meu primeiro ano como docente na UCS. Estou participando de alguns projetos desenvolvidos no IMC - Instituto de Materiais Cerâmicos. No momento, estou co-orientando uma aluna de doutorado e uma de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais.

Trabalho colaborativo e internacional.

Nature Materials é uma prestigiosa revista científica. Seu fator de impacto, medida amplamente aceita pela comunidade científica internacional para determinar a relevância das revistas, é o mais alto da área de Materiais e um dos vinte mais altos entre os periódicos de todas as áreas (de um total de mais de 8 mil publicações). O fator de impacto da Nature Materials é de 32,84, de acordo com o site da revista. Em grandes linhas, o fator de impacto considera a quantidade de citações recebidas pelos artigos de uma determinada revista, ou seja, a quantidade de vezes que uma informação contida num artigo foi utilizada e referenciada em outros artigos.

O professor Israel Baumvol, coordenador do PGMAT da UCS, explica que "na área de Engenharia e Ciência de Materiais, o periódico Nature Materials é o ápice da hierarquia da qualidade cientifica, expresso pelo seu chocante fator de impacto. Pouquíssimos pesquisadores maduros e consagrados brasileiros, de anos em anos, atingem este ápice. O fato desta jovem pesquisadora, Jadna Catafesta, recém integrada ao PGMAT da UCS, ter publicado, junto com equipes da Europa, um artigo de altíssima qualidade neste periódico atesta bem o nível atingido pelo Programa e, sobretudo, o seu futuro promissor".

No trabalho publicado na Nature Materials, a equipe de pesquisadores estudou uma propriedade rara de alguns materiais: a compressibilidade linear negativa. Normalmente, quando um corpo recebe pressão hidrostática (aquela exercida sobre um corpo por um fluído, devida à ação da gravidade) ao seu redor, seu tamanho diminui. Entretanto, alguns poucos materiais (apenas treze compostos) reagem de uma forma incomum: eles se expandem em alguma direção. Destes últimos se diz que têm compressibilidade linear negativa.

Os autores do artigo observaram, num material chamado dicianoaurato de zinco, a maior e mais persistente compressibilidade linear negativa. Os pesquisadores explicaram esse comportamento extremo do material em questão com base na sua estrutura molecular, em formato de favo de mel, e batizaram o fenômeno de “compressibilidade linear negativa gigante”. A propriedade descoberta pode ser útil no desenvolvimento de sensores de pressão e músculos artificiais, por exemplo.

"A inserção na comunidade de ciência e tecnologia internacional é um aspecto crucial no desenvolvimento da pesquisa e da pós-graduação. Prova disso, a CAPES acaba de adotar a internacionalização como um item de avaliação dos programas de pós-graduação", enfatiza o professor Baumvol.

Foto: Daniela Schiavo