CETEC Festival: professores participam de roteiro afro-cultural no Rio de Janeiro.

Já está a todo vapor a preparação para o CETEC Festival, que ocorre, de 25 a 28 de junho, no UCS Teatro. Esse será o momento em que todas as turmas do Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul, inclusive as que funcionam no bairro Santa Fé, apresentam suas produções teatrais ao público formado por pais, familiares, ex-alunos e convidados.

Este ano toda a escola trabalha como tema da África e da Cultura Afro-Brasileira, dentro do que preconiza a Lei 10.639 de 9/01/2003, que incluiu na rede nacional de ensino a obrigatoriedade do estudo dessa temática, na perspectiva de oferecer ao aluno uma visão mais abrangente e realista da formação da cultura brasileira e da identidade nacional.

Roteiro Afro-Cultural
Na semana que passou, uma equipe de professores, acompanhada pela diretora Ana Cesa, esteve na cidade do Rio de Janeiro onde participou de um roteiro afro-cultural, organizado com o apoio da museóloga Márcia Bibiani, assessora de Projetos Especiais da Secretaria da Cultura do Estado do Rio de Janeiro. A ideia era conhecer parte do Circuito da Herança Africana, estabelecer contatos com entidades culturais que trabalham com essa temática, conhecer experiências educacionais voltadas para o conhecimento e valorização da cultura afro-brasileira, e recolher referências e material didático e paradidático que pudessem ser utilizadas pelas turmas. A excelente receptividade das entidades visitadas possibilitou a discussão sobre uma visita cultural, no segundo semestre, dos alunos do 3º ano com a realização de interações significativas.

No Museu de Arte do Rio e na Escola do Olhar
O roteiro foi iniciado por uma visita guiada ao Museu de Arte do Rio - MAR, inaugurado em março de 2013, na Praça Mauá, região do cais do porto. Junto ao Museu funciona a Escola do Olhar, com linhas de pesquisa focadas nos estudos na região do Morro da Conceição, Valongo e Pequena África, e na formação de educadores da rede pública de ensino. Após uma visita guiada pela assessora pedagógica do MAR, pesquisadora Gleyce Kelly Maciel Heitor às exposições em cartaz, a equipe do CETEC foi recebida na Escola do Olhar pela coordenadora Janaina Mércia Alves Melo, que falou sobre os espaços de discussão propostos pela Escola do Olhar e pelo MAR no que se refere ao Núcleo Significativo sobre a Herança Africana e sobre a presença do negro como ponto da base estruturante da tradição cultural brasileira.

Entre as sugestões de interação entre o MAR, a Escola do Olhar e o CETEC, "foram sugeridas visitas, intercâmbio entre o CETEC e uma das escolas da comunidade do entorno do Museu, oficinas, workshops, palestras ou cursos de curta duração integrados à programação de exposições do MAR, onde poderão ser abordados conceitos fundamentais para a compreensão dos eixos norteadores de cada mostra".

No Instituto dos Pretos Novos: sítio arqueológico e memorial da escravidão
Localizado na rua Pedro Ernesto, no bairro da Gamboa, região portuária do Rio, conhecida no século XIX como "caminho do cemitério", o Instituto dos Pretos Novos resulta do descobrimento, há poucos anos, de um sítio arqueológico, onde eram jogados os corpos de negros recém-chegados à Colônia, mortos na viagem de navio negreiro, por doenças adquiridas durante o trajeto ou maus tratos nos alojamentos". O prédio foi transformado por seus proprietários, Ana Maria de La Merced e Petrúcio Guimarães, em uma Organização Não-Governamental voltada para pesquisar e preservar a história e cultura afro-brasileira. Com o aporte de recursos provenientes de editais públicos, o Instituto se transformou em um importante ponto de memória, aberto à visitação pública, onde se pode conhecer parte do nosso passado e refletir sobre a origem da nação brasileira.

O pesquisador, mestre em Arqueologia, Reinaldo Bernardes Tavares faz pesquisas no local e é responsável por achados arqueológicos muito importantes. Ele fez uma palestra sobre a história daquele local e guiou o grupo durante uma visita aos principais pontos do Circuito da Herança Africana, como o Cais do Valongo, Pedra do Sal, igrejas e casario que ainda preservam o Brasil colonial. O acervo do Instituto assim como a paisagem histórica foram fotografados para serem socializados na escola.

O Circuito das Casas Tela – Caminhos de vida no Museu da Favela
A última etapa da viagem foi a visita ao Museu de Favela, localizado na comunidade Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, abrangendo Ipanema e Leblon, tradicionais bairros do zona sul do Rio de Janeiro.

Reconhecido pelo Instituto Brasileiro de Museus – IBRAN, o Museu de Favela, inaugurado em 2009, é considerado um modelo de entidade não-governamental, de perfil comunitário, voltado para valorizar a memória e o patrimônio cultural relacionado à favela, de modo a atrair um novo olhar da população para esse importante espaço urbano. É o primeiro museu territorial integral do Brasil.

A equipe do CETEC foi recebida por representantes do Colegiado do Museu. Sidney Silva, Rita de Cássia Santos Pinto, Valquíria Cabral, Kátia A.S. Loureiro e a museóloga Marcelle Pereira. A equipe conheceu parte do Circuito das Casas Tela – Caminhos de vida no Museu da Favela, exposição composta por 26 casas espalhadas pela comunidade. Suas fachadas e muros funcionam como suporte para a arte grafiti, constituindo-se como "importante intervenção artística que retrata a história da formação daquelas comunidades". Como um inventário a céu aberto das memórias daquelas populações as obras encantam o visitante e orgulham aquelas comunidades. Em seguida, a equipe visitou as instalações do Museu, onde estava a exposição "Mulheres Guerreiras", realizada pelo MUF em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. A exposição é itinerante e apresenta as memórias de 12 mulheres daquelas comunidades, selecionadas a partir das histórias que melhor representavam a "memória coletiva desse complexo de favelas", onde residem cerca de 20 mil habitantes.

Durante reunião com o Colegiado foi apresentado material audiovisual sobre as comunidades, o museu, e a sua interação com a população local, assim como as formas de atuação voltadas para a captação de recursos para o Museu, que também tem aporte de recursos via editais públicos.

Entre as propostas de dar continuidade à interação entre o MUF e o CETEC, discutiu-se uma possível visita dos alunos do 3º ano do CETEC, com a possibilidade de realização de oficinas de grafiti e hip hop e outras ações de interesse dos jovens das duas instituições.

Fotos: Isabel Correa