UCS Minha Escolha: a Química conduzindo ao sonho de ser um cientista.

Para entender a química das moléculas e suas interações - de modelos de plástico e madeira a computação. Professores do curso de Química falam sobre o Nobel de Química 2013 e fazem uma reflexão sobre a escolha do curso e o ingresso na carreira científica.

Para escolher bem um curso de graduação é necessário buscar referências e informações sobre o curso, sobre o perfil do profissional, sobre o mercado de trabalho, e procurar saber de que maneira a atividade desse profissional pode fazer a diferença no mundo. No entanto, ao fazer essa busca não se pode deixar de lado os interesses, habilidades, sonhos e desejos pessoais, pois, como explica o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, em entrevista ao site Hipermeios (2007, "a procura da carreira tem de ser movida a sonhos. Mas insisto: não é delírio, não é divagação, não é distração. Sonho no sentido de desejo, de utopia é algo a ser buscado, construído no cotidiano, feito passo a passo... [ Leia a entrevista completa ]

O professor Sidnei Moura e Silva assumiu há pouco a coordenação do Curso de Química - Bacharelado e Licenciatura - e, neste domingo, dia 27, ele participa no Centro de Ciências Exatas e Tecnologia do 1º Open Day, atividade que abre as portas dos laboratórios para que a comunidade conheça melhor as atividades de ensino e pesquisa da Instituição. "Fazer esse contato mais direto com o estudante interessado em uma determinada área do conhecimento, pode ser uma boa oportunidade para fundamentar uma escolha coerente com suas aptidões, que pode conduzi-lo a uma formação profissional mais sólida, em conformidade com os seus sonhos, como por exemplo o de ingressar na carreira científica e tornar-se um cientista".

No início deste mês, foram conhecidos os três cientistas que ganharam o Prêmio Nobel da Química de 2O13, certamente um sonho perseguido por muitos pesquisadores, que um dia escolheram uma carreira e ingressaram numa universidade, dedicando-se à pesquisa. Michael Levitt, um dos premiados, declarou em entrevista que, quando tinha vinte anos, fez um trabalho de pesquisa na área da computação, que, 45 anos depois, acabou sendo bastante útil na premiada pelo Nobel.

Conforme o professor Sidnei, as áreas das Ciências Exatas, como Química, Física e Matemática são as que mais conduzem o estudante a ser um "cientista", caso ele tenha aptidões para a pesquisa. Isto acontece porque estas ciências têm grande capacidade de interação com as áreas das Ciências Aplicadas, como Medicina, Farmácia, Engenharias, entre outras. "Quando se fala em ciência no século 21, e no sonho de ser um cientista, tem que se ter em mente multidisciplinaridade, ou seja a mistura das áreas, que é necessária e que advêm da base recebida nos cursos de graduação, sendo complementada com os estudos de pós-graduação. É o caso, por exemplo, dos ganhadores do Nobel de 2013 em química, que fizeram uso dos conhecimentos principalmente da Química e da Física para chegar àqueles resultados".

Para entender a química das moléculas e suas interações - de modelos de plástico e madeira a computação - O Nobel de Química de 2013.

"A menos de um século, para simular condições moleculares os químicos usavam como modelo bolas de plástico e madeira. O tempo passou e a evolução dos computadores associado ao conhecimento adquirido na área química conduziu a modelagem em computadores. Para esta evolução, um ponto chave ocorreu na década de 1970, quando o austríaco Martin Karplus, o britânico Michael Levitt e o israelo-americano Arieh Warshel lançaram as bases para os programas poderosos que são usados; para entender e prever os processos químicos. Os modelos de computador que espelham a vida real tornaram-se cruciais para a maioria dos avanços na área química nos dias de hoje.

O trabalho dos pesquisadores Karplus, Levitt e Warshel possui um caráter inovador na medida em que fez com que a física clássica trabalhe lado a lado com fundamentos da física quântica. Para entender melhor, enquanto a física clássica traz aproximações coerentes no caso de moléculas maiores, parâmetros de física quântica são necessários para simular características de moléculas menores e átomos isolados. No entanto, apesar deste entendimento, compilar e agregar estes dados em uma base de dados, transformando isso em uma linguagem computacional foi um desafio e tanto.

Fruto da multidisciplinaridade que inclui conhecimentos de Química, física e análise computacional, os vencedores do prêmio Nobel de química levaram o melhor de todos estes mundos e foram capazes de elaborar métodos reprodutíveis e aplicáveis experimentalmente. Por exemplo, a partir destes estudos é possível simular como um medicamento pode acoplar à sua proteína alvo no corpo. De maneira simples, o computador executa cálculos teóricos demostrando como os átomos da droga interagem com os da proteína, e se essa conjugação é estável ou não.

Desta forma, o computador se tornou mais uma ferramenta importante para os químicos, assim como tubos de ensaio, erlenmeyers, provetas e béqueres. As simulações computacionais são tão realistas que são capazes de prever o resultado de experimentos tradicionais. Para o futuro, podemos prever aplicações crescentes desta interação de sucesso entre o computador e as aplicações na área química.

Autores: Otavio Bianchi e Sidnei Moura e Silva - Curso de Química da UCS.

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