Instituto de Medicina do Esporte completa uma década de serviços à comunidade.

Há dez anos, o Instituto de Medicina do Esporte e Ciências Aplicadas ao Movimento Humano - IME foi criado para atender à comunidade esportiva. Em paralelo, a unidade do Centro de Ciências da Saúde desenvolvia trabalhos de extensão comunitária, especialmente, de reabilitação de pacientes pulmonares e cardíacos. Atualmente, o Instituto expandiu a atuação, investiu em tecnologia e potencializou a inserção comunitária, por meio de parcerias com o setor público e com convênios particulares.

Coordenadora do Instituto, a professora Olga Sergueevna Tairova ressalta que em uma década o espaço estimulou a multidisciplinaridade em saúde. Hoje, Caxias do Sul conta com um instituto de referência em medicina esportiva e na reabilitação cardiovascular e pulmonar.

Multidisciplinar, o Instituto reúne profissionais da Medicina, da Fisioterapia, da Educação Física, da Nutrição, da Enfermagem e da Psicologia.

"Poucas instituições contam com uma estrutura como essa, que agrega pesquisa, extensão e ensino em medicina esportiva", ressalta a coordenadora.

O Instituto desenvolve atividades de ensino, por meio da parceria com os cursos do Centro de Ciências da Saúde. Destaca-se a oferta do curso de Especialização em Reabilitação Cardiovascular e Metabólica. Na pesquisa, são desenvolvidos trabalhos que relacionam a prática esportiva à qualidade de vida. Também funciona como um centro de estudos, principalmente a acadêmicos em fase de produção de trabalhos de conclusão de curso.

Um ambiente acolhedor
Darci Poli, de 67 anos, há um ano e meio realiza, duas vezes por semana, exercícios físicos na academia de musculação. Em 2000, recebeu o diagnóstico de enfisema pulmonar. A doença foi resultado de 40 anos em que manteve o hábito de fumar. "Chegava a consumir uma carteira e meia num dia", recorda.

Ao largar os cigarros, adquiriu uma vida mais saudável. Por orientação médica, encontrou o IME, onde integra o grupo DPOC, sigla para denominar pessoas que têm doença pulmonar obstrutiva crônica. Na academia de musculação, turmas regulares fazem exercícios, no mínimo, duas vezes por semana. Antes de começar os treinos, os usuários passam por uma bateria de exames. Avaliação de força e testes de capacidade física e pulmonar são procedimentos aplicados. Com os resultados, os profissionais desenvolvem uma rotina que ajuda a recuperar os pacientes. Atendimento fisioterapêutico e suporte psicológico colaboram no tratamento.

Assim como os pulmonares, os doentes cardíacos buscam melhorar a qualidade de vida, por meio do processo de reabilitação. Atualmente, o grupo de pessoas que apresenta problemas no coração conta com 215 pessoas. Com 84 anos, Annemarie Luiza Heinke Frigeri frequenta duas vezes por semana o Instituto.

Diagnosticada com arritmia cardíaca, mantém uma rotina de cuidados com a saúde. Na academia, faz bicicleta, abdominais e alguns exercícios de força. "É muito bom vir aqui. Todos são muito atenciosos e cuidam de nós", afirma.

Outros dois grupos, formados por pessoas hemofílicas e por portadores do vírus HIV, são atendidos por profissionais do IME. Os encaminhamentos são feitos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) ou por convênios com planos de saúde.

Atendimento esportivo
Criado para atender à comunidade esportiva, o Instituto mantém a característica de auxiliar os atletas de alto rendimento na reabilitação de lesões. Keurin Provin da Silva, de 18 anos, faz parte da equipe de atletismo na UCS. Há dois meses, ela sofreu um estiramento muscular e, agora, precisa passar por sessões de fisioterapia, além de treino físico.

No IME, ela tem acompanhamento dos profissionais de saúde. No período em que machucou a perna, precisou se afastar completamente dos treinos. Aos poucos, porém, a jovem vem alternando o treinamento com as sessões de recuperação.

"Quem é atleta precisa se acostumar com os machucados", observa. Não é apenas o trabalho curativo em esporte que movimenta o Instituto. É comum, no início da temporada, jogadores de equipes de futebol e futsal da região – para citar alguns exemplos – passarem por exames, que fornecerão dados da condição física de cada atleta.

Tecnologia aplicada ao movimento
Ao longo de uma década, a tecnologia se aliou a diferentes setores do conhecimento. O Laboratório de Biomecânica do Movimento exemplifica bem essa transformação na área da saúde. Desde o ano passado, oito câmeras examinam minuciosamente o comportamento físico. Por meio de eletrodos, os aparelhos captam parâmetros do movimento como a velocidade, a largura, a potência e a amplitude de uma caminhada, por exemplo.

O exame permite um diagnóstico mais eficaz de atletas que precisam desenvolver habilidades e a pacientes que sofrem alguma doença motora. Os movimentos captados são projetados em um software de computação gráfica. No programa, o corpo do paciente pode ser reconstruído visualmente e, nesse processo, as dificuldades físicas podem ser melhor analisadas.

O Instituto abriga ainda o Laboratório de Cineantropometria e Qualidades Físicas e o Laboratório de Avaliação Aeróbica e Anaeróbica.

Fotos: Daniela Schiavo.