Última alteração: 2025-09-29
Resumo
Compreender o comportamento da população após vivenciar desastres naturais é essencial para aprimorar estratégias de prevenção e resposta, uma vez que a percepção de risco, a avaliação de vulnerabilidade e a adoção de medidas de autoproteção estão diretamente relacionadas às experiências anteriores. Entre 2023 e 2024, o Rio Grande do Sul foi duramente atingido por enchentes de grande extensão, que impactaram a população, a infraestrutura e os sistemas locais de resposta. Nesse contexto, este artigo analisou a percepção da população sobre os riscos de desastres naturais, com base nos dados da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) e da Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE), além de aplicar uma survey adaptada do instrumento proposto por Shengnan et al. (2022), em escala Likert, voltada aos habitantes do Vale do Rio Taquari – RS. A amostra contou com 184 respostas válidas, predominantemente de mulheres entre 18 e 44 anos. Os resultados indicaram maior vivência em desastres de origem hídrica, como tempestades, alagamentos e inundações. A análise evidenciou que indivíduos que já passaram por eventos extremos compreendem com maior clareza que os impactos dos desastres vão além do aspecto individual, atingindo propriedades e comunidades inteiras. Além disso, esses indivíduos demonstraram maior disposição para participar de atividades de Redução de Risco de Desastres (RRD), treinamentos e ações coletivas. Também se mostraram mais propensos a colaborar com a comunidade diante de alertas antecipados, reforçando a relevância da experiência prévia como fator que molda a percepção e o engajamento social em contextos de risco.