Última alteração: 2025-10-05
Resumo
A sustentabilidade consolidou-se como eixo central na formulação estratégica das organizações contemporâneas, tanto em razão das crescentes pressões ambientais quanto das demandas sociais e regulatórias. No entanto, abordagens tradicionais de sustentabilidade empresarial permanecem ancoradas em racionalidades modernas e coloniais, frequentemente reduzidas a instrumentos de greenwashing ou a mecanismos de diferenciação competitiva desprovidos de transformação estrutural. Este artigo busca analisar os desafios e possibilidades da integração da sustentabilidade às estratégias organizacionais a partir da perspectiva decolonial, propondo uma reflexão crítica que transcenda o paradigma hegemônico da gestão. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter teórico-conceitual, fundamentada em revisão bibliográfica de autores da gestão estratégica, sustentabilidade e crítica decolonial. Os resultados apontam que a perspectiva decolonial amplia o horizonte da sustentabilidade ao reconhecer epistemologias plurais, práticas comunitárias e concepções como o “bem viver”, que se opõem à lógica da colonialidade do poder. Identifica-se que, ao incorporar princípios de justiça socioambiental, pluralidade epistêmica e governança participativa, as organizações podem construir estratégias mais inclusivas e transformadoras. Conclui-se que a sustentabilidade em chave decolonial exige ruptura epistemológica e cultural, reconhecendo a diversidade de saberes e práticas como condição para a criação de valor compartilhado e para a perenidade organizacional.