O mês de agosto será duplamente especial para o acadêmico Celestino Costella. Primeiro, no dia 4, ele completa 90 anos. E, segundo, no dia 27, será um dos formandos do curso de Pedagogia, que conclui no Campus Universitário da Região dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Ele é, sem dúvida, o aluno com mais idade na UCS hoje.

O entusiasmo e a perseverança o fazem também um aluno especial. Celestino iniciou seu contato com a Universidade ao realizar atividades no programa da Universidade da Terceira Idade – hoje Programa UCS Sênior – quando cursou disciplinas como “Memória: qualificando a vida”, “Informática Básica”, “Filosofia da História”, “Filosofia da Cultura” e outras. De Veranópolis – a terra da longevidade – Celestino, por alguns semestres, vinha até o campus em Caxias do Sul, para participar dessas atividades.

Para ele, que em 2013 também foi entrevistado pela Revista da UCS – “o estudo nunca leva ao mal. Por isso aconselho aos jovens: estudem”. O que não pode fazer enquanto jovem, pois, vindo de uma família com de 17 irmãos, foi preciso auxiliar, desde cedo, no sustento familiar: trabalhou na agricultura, em uma pedreira e por mais de 40 anos como motorista de caminhão.

Mas, para Celestino, nunca foi tarde para voltar aos estudos, ainda mais para quem sentia a falta do conhecimento, principalmente da escrita. Após a aposentadoria e 74 anos longe dos bancos escolares, Celestino fez o EJA – Educação de Jovens e Adultos, completado até o Ensino Médio. E, em 2009, encarou o curso superior, que encerra agora.

O início de seus estudos na infância – na localidade de Linha Marquês do Herval, na comunidade de São Valentim, ainda são lembrados por Celestino. “Lembro do prédio escolar, todo de madeira de pinho. A divisão da sala de aula era com duas fileiras de bancos, que separavam as classes escolares. A mesa da classe tinha um buraquinho redondo, onde se colocava o vidrinho de tinta, para que, com uma pontinha em forma de caneta, molhava-se para poder escrever. Hoje as canetas estão prontas com a tinta: é só escrever”.

Um tempo muito diferente do que viveu até agora na Universidade, onde pode conviver com diferentes faixas etárias, realizar trabalhos em grupos, participar de diversas palestras, seminários e semanas acadêmicas. “Posso dizer que valeu a pena embarcar muitas vezes no ônibus para buscar a aprendizagem junto a profissionais competentes”. Como futuro pedagogo, ele ressalta: “a educação deve ser o objetivo principal para o bem-estar de toda a humanidade”.

Na foto acima, Celestino no ensaio fotográfico para a formatura, e ao lado, em registro  de Daniela Schiavo, há três anos, na sua casa, fazendo os trabalhos do curso de Pedagogia.