Convivendo com as emoções em meio à pandemia

Publicado em 24/06/2020 | Editado em 10/07/2020

No segundo episódio da série #JovensEmTemposDePandemia, a professora do curso de Psicologia da UCS Bruna​ ​​Krimberg Von Mühlen explica como lidar com os sentimentos.

As emoções fazem parte da nossa vida desde criança, afloram quando nos tornamos adolescentes e normalmente permanecem durante a vida adulta. Mas, o que é a emoção? É um estado de sentimentos que resulta em mudanças físicas e psicológicas. 

Os pensamentos, comportamentos, juízos de valor e funções da personalidade são influenciados por esse estado e as emoções podem expressar alegria, tristeza, medo, raiva e surpresa, por exemplo. 

Em meio a uma das maiores pandemias mundiais, conviver com emoções é um grande desafio, afinal, elas estão à flor da pele e nem sempre sabemos lidar com elas da melhor forma.

Para entender melhor do assunto, a professora Bruna​ ​​Krimberg Von Mühlen, do curso de Psicologia da UCS, explica que todos temos emoções, porém, a educação cultural e social afeta de modo diverso a forma com que interpretamos esses estados de sentimento. Ela exemplifica mostrando as diferenças comportamentais expressas por meninos e meninas (já que são educados de maneiras diferentes). 

Conforme a docente, quando uma menina fica triste e chora, é considerado, muitas vezes, normal, mas quando essas ações são expressadas por um menino, a realidade é encarada de modo diferente, “ele já começa a ser treinado para não demonstrar suas emoções. Isso é muito sério. À medida que a adolescência chega, as emoções se potencializam e quanto mais elas são suprimidas, mais fortes ficam, então, é importante que os adolescentes saibam expressar e lidar com elas”, contextualiza.

Medo

O medo tem sido frequente nos últimos meses, não é?! Mas, de acordo com Von Mühlen, ele é uma das nossas emoções básicas e, apesar de gerar desconforto, precisamos dele. Diante da pandemia, por exemplo, se não sentirmos medo vamos sair na rua sem máscara e abraçar nossos pais e avós, que estão dentro do grupo de risco, sem nos preocuparmos. Porém, o medo demais também se torna disfuncional, porque ele paralisa e gera uma ansiedade elevada. Então, uma das formas de lidar com o medo é enfrentando-o, assim como as situações que geram esse sentimento.

Todos nós, neste período atípico, sentimos medo do que pode acontecer. A Estudante do 3º ano da Escola Professora Deotilia Cardoso Lopes, de Jaquirana – RS, Anita Gomes Pereira, 17 anos, contou que procurou se informar mais sobre a pandemia e isso a ajudou a manter a calma: ‘’No começo, acho que fiquei, assim como todos, com medo. Então fui pesquisando mais sobre o assunto, tomando mais conhecimento. Hoje consigo ficar mais tranquila!’’

Ansiedade

É cada vez mais comum ouvirmos alguém se queixar de ansiedade e, conforme pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o número de casos de pessoas ansiosas dobrou durante a pandemia. A ansiedade pode ser um sentimento bom quando esperamos pelo dia do nosso aniversário ou por encontrar alguém especial, por exemplo, mas, quando em excesso, se torna prejudicial. A professora explica que a ansiedade aumenta quando a gente suprime ou quando alguém do nosso lado faz pouco caso de nosso sofrimento, e é importante conversarmos com alguém que nos compreenda. Se comunicar de forma honesta, expressar o que se sente, praticando uma comunicação assertiva, é uma forma de lidar com a ansiedade e outras emoções que nos acercam. 

‘’A gente começou a ver o tamanho do problema e começou aflorar uma ansiedade enorme, porque eu ainda não tenho minha decisão feita, de que curso vou escolher’, comenta Fernanda Zampieri, 17 anos, aluna do CETEC.  

Algumas técnicas podem ajudar a reduzir a ansiedade:

  • comer de forma saudável, ter horas de sono adequadas, evitar mexer no celular ou computador antes de deitar;
  • meditar, escrever o que está sentindo,  ver filmes,  passar tempo com a família;
  • praticar exercícios físicos, escutar música, tocar instrumentos, ter animais de estimação;
  • ler livros, pintar, desenhar;

 E podemos também evitar alguns hábitos, como consumir muito café, carboidratos, álcool, açúcar, acompanhar notícias o tempo todo e dormir poucas horas. Esses comportamentos potencializam a ansiedade.

Autocobrança

Muitos adolescentes se cobram demais, são muito críticos consigo. O uso frequente das redes sociais influencia nas cobranças, amplia as comparações com colegas, amigos ou influenciadores digitais, e surge daí a sensação de ter que estar sendo produtivo o tempo todo, fazer vários cursos on-line ou ter um corpo perfeito. Outra cobrança muito comum entre os adolescentes é decidir o curso de graduação sem decepcionar os pais ou errar na escolha.

‘’Como o adolescente está nesse processo de autonomia, o ideal é  olhar o que faz sentido pra ele, e não só o que faz sentido para os pais ou para as pessoas em sua volta, sem se comparar. Em vez de pensar em se cobrar (fazer dieta, produzir…) pode começar pelo o que é mais fácil. Ler ou fazer exercícios, por exemplo.  Que momento do dia é mais fácil? Que horários ficam melhores?  E sem botar metas impossíveis.‘’,Orienta a psicóloga.

Outra questão fundamental apontada pela docente é voltada para uma  rede de apoio que ajude os adolescentes a se sentirem compreendidos, seguros, cuidados, com sua autonomia respeitada, recebendo orientação. É importante que os pais e a rede de apoio possam validar o que eles estão sentindo. 

Recadinho do UCS Minha Escolha para você que está lendo: Tá tudo bem se sentir estranho, tá?! Não se cobre estar bem o tempo todo, estamos em meio à pandemia global. Não tenha medo ou vergonha de falar de suas emoções, converse com seus familiares, amigos e, se precisar, busque ajuda profissional. Toda essa situação vai passar e vamos sair mais fortes dela. Conte com a gente também!