Convivendo com as emoções em meio à pandemia
No segundo episódio da série #JovensEmTemposDePandemia, a professora do curso de Psicologia da UCS Bruna Krimberg Von Mühlen explica como lidar com os sentimentos.
As emoções fazem parte da nossa vida desde criança, afloram quando nos tornamos adolescentes e normalmente permanecem durante a vida adulta. Mas, o que é a emoção? É um estado de sentimentos que resulta em mudanças físicas e psicológicas.
Os pensamentos, comportamentos, juízos de valor e funções da personalidade são influenciados por esse estado e as emoções podem expressar alegria, tristeza, medo, raiva e surpresa, por exemplo.
Em meio a uma das maiores pandemias mundiais, conviver com emoções é um grande desafio, afinal, elas estão à flor da pele e nem sempre sabemos lidar com elas da melhor forma.
Para entender melhor do assunto, a professora Bruna Krimberg Von Mühlen, do curso de Psicologia da UCS, explica que todos temos emoções, porém, a educação cultural e social afeta de modo diverso a forma com que interpretamos esses estados de sentimento. Ela exemplifica mostrando as diferenças comportamentais expressas por meninos e meninas (já que são educados de maneiras diferentes).
Conforme a docente, quando uma menina fica triste e chora, é considerado, muitas vezes, normal, mas quando essas ações são expressadas por um menino, a realidade é encarada de modo diferente, “ele já começa a ser treinado para não demonstrar suas emoções. Isso é muito sério. À medida que a adolescência chega, as emoções se potencializam e quanto mais elas são suprimidas, mais fortes ficam, então, é importante que os adolescentes saibam expressar e lidar com elas”, contextualiza.
Medo
O medo tem sido frequente nos últimos meses, não é?! Mas, de acordo com Von Mühlen, ele é uma das nossas emoções básicas e, apesar de gerar desconforto, precisamos dele. Diante da pandemia, por exemplo, se não sentirmos medo vamos sair na rua sem máscara e abraçar nossos pais e avós, que estão dentro do grupo de risco, sem nos preocuparmos. Porém, o medo demais também se torna disfuncional, porque ele paralisa e gera uma ansiedade elevada. Então, uma das formas de lidar com o medo é enfrentando-o, assim como as situações que geram esse sentimento.
Todos nós, neste período atípico, sentimos medo do que pode acontecer. A Estudante do 3º ano da Escola Professora Deotilia Cardoso Lopes, de Jaquirana – RS, Anita Gomes Pereira, 17 anos, contou que procurou se informar mais sobre a pandemia e isso a ajudou a manter a calma: ‘’No começo, acho que fiquei, assim como todos, com medo. Então fui pesquisando mais sobre o assunto, tomando mais conhecimento. Hoje consigo ficar mais tranquila!’’
Ansiedade
É cada vez mais comum ouvirmos alguém se queixar de ansiedade e, conforme pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o número de casos de pessoas ansiosas dobrou durante a pandemia. A ansiedade pode ser um sentimento bom quando esperamos pelo dia do nosso aniversário ou por encontrar alguém especial, por exemplo, mas, quando em excesso, se torna prejudicial. A professora explica que a ansiedade aumenta quando a gente suprime ou quando alguém do nosso lado faz pouco caso de nosso sofrimento, e é importante conversarmos com alguém que nos compreenda. Se comunicar de forma honesta, expressar o que se sente, praticando uma comunicação assertiva, é uma forma de lidar com a ansiedade e outras emoções que nos acercam.
‘’A gente começou a ver o tamanho do problema e começou aflorar uma ansiedade enorme, porque eu ainda não tenho minha decisão feita, de que curso vou escolher’, comenta Fernanda Zampieri, 17 anos, aluna do CETEC.
Algumas técnicas podem ajudar a reduzir a ansiedade:
- comer de forma saudável, ter horas de sono adequadas, evitar mexer no celular ou computador antes de deitar;
- meditar, escrever o que está sentindo, ver filmes, passar tempo com a família;
- praticar exercícios físicos, escutar música, tocar instrumentos, ter animais de estimação;
- ler livros, pintar, desenhar;
E podemos também evitar alguns hábitos, como consumir muito café, carboidratos, álcool, açúcar, acompanhar notícias o tempo todo e dormir poucas horas. Esses comportamentos potencializam a ansiedade.
Autocobrança
Muitos adolescentes se cobram demais, são muito críticos consigo. O uso frequente das redes sociais influencia nas cobranças, amplia as comparações com colegas, amigos ou influenciadores digitais, e surge daí a sensação de ter que estar sendo produtivo o tempo todo, fazer vários cursos on-line ou ter um corpo perfeito. Outra cobrança muito comum entre os adolescentes é decidir o curso de graduação sem decepcionar os pais ou errar na escolha.
‘’Como o adolescente está nesse processo de autonomia, o ideal é olhar o que faz sentido pra ele, e não só o que faz sentido para os pais ou para as pessoas em sua volta, sem se comparar. Em vez de pensar em se cobrar (fazer dieta, produzir…) pode começar pelo o que é mais fácil. Ler ou fazer exercícios, por exemplo. Que momento do dia é mais fácil? Que horários ficam melhores? E sem botar metas impossíveis.‘’,Orienta a psicóloga.
Outra questão fundamental apontada pela docente é voltada para uma rede de apoio que ajude os adolescentes a se sentirem compreendidos, seguros, cuidados, com sua autonomia respeitada, recebendo orientação. É importante que os pais e a rede de apoio possam validar o que eles estão sentindo.
Recadinho do UCS Minha Escolha para você que está lendo: Tá tudo bem se sentir estranho, tá?! Não se cobre estar bem o tempo todo, estamos em meio à pandemia global. Não tenha medo ou vergonha de falar de suas emoções, converse com seus familiares, amigos e, se precisar, busque ajuda profissional. Toda essa situação vai passar e vamos sair mais fortes dela. Conte com a gente também!
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