Escritório Modelo desenvolve, na prática, o papel social do profissional de Arquitetura e Urbanismo.

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 16/04/2018 | Editado em 16/04/2018

Para a coordenadora do Escritório Modelo (TaliesEM), professora Terezinha de Oliveira Buchebuan, “a participação – que é voluntária por parte dos alunos – evidencia a possibilidade de enxergar o papel social da Arquitetura, para além da teoria e do mercado imobiliário, tão característico das cidades capitalistas de hoje. Porém, a transformação pessoal, o nosso crescimento como seres humanos é sempre o mais reverenciado. É o que nos permite entender nossa responsabilidade como cidadãos, como responsáveis pelo que fazemos não só nas nossas cidades, mas nas nossas vidas e no contato com as comunidades.

Exposição dos 15 anos – CARVI
Exposição dos 15 anos – Campus 8.

O Escritório Modelo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UCS  (TaliesEM) completa 15 anos realiza uma série de atividades para divulgar os projetos desenvolvidos, desde a sua criação, em 2003. Idealizado através de uma iniciativa estudantil, foi criado para promover o papel social da Arquitetura e promover ações que beneficiem a população das comunidades de abrangência da UCS. Atualmente, o curso de Arquitetura e Urbanismo é oferecido em Caxias do Sul e Bento Gonçalves.

No Campus Universitário da Região dos Vinhedos, até 25 de abril, no hall de acesso aos blocos C/D, uma exposição com pôsteres, fotos e uma linha do tempo traça  o caminho realizado pelo Escritório em 15 anos de atividades.

Praça da Esperança, no Euzébio Beltrão de Queiroz, em 2017.

Para a coordenadora do Escritório Modelo, professora Terezinha de Oliveira Buchebuan, a exposição torna-se importante por resgatar todos os trabalhos já realizados. “A ideia é fazer uma ponte entre os novos e antigos trabalhos, entre os novos e antigos membros, num ideal que é comum: ampliar o foco de atuação do arquiteto, evidenciando a importância dessa profissão na constituição e melhoria das nossas cidades, permitindo assim, que a vida das pessoas seja melhor”. A exposição já esteve, neste início de abril, no Campus 8, onde também funciona o curso de Arquitetura.

Muitos acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo participaram do Escritório Modelo, inclusive após a conclusão do curso. Mônica Frizon, que participou como aluna de 2004 até a sua formatura, em agosto de 2009,  destaca alguns projetos dos quais teve a oportunidade de participar:  “Participei em muitos projetos: o primeiro foi o Você Apita, que tratava de uma área verde em frente à Escola Municipal Basílio Tcacenco, no Bairro Salgado Filho (Aeroporto). O projeto contou com parceria da Fiat e envolveu os alunos da escola. Vieram outros projetos, como por exemplo o da Lagoa do Rizzo, no Desvio Rizzo, onde se desenvolveu um plano para melhorias que, inclusive, foi executado pela prefeituram de Caxias do Sul, lembra.

Trabalho sobre o Patrimônio Histórico Rural, em 2007.

Alguns projetos com a participação de Mônica incluíram estudos em espaços internos, como algumas salas do Campus 8, o Projeto Net Inovação no bloco G, a sede do Núcleo de Artes Visuais (NAVI) e a Escola Infantil Cinderela, no Bairro Fátima, mantida pela Cáritas. “Em parceria com o projeto Elementos Culturais das Antigas Colônias Italianas do Nordeste do Rio Grande do Sul – ECIRS, realizamos o dossiê para o Tombamento de Santa Tereza – que ajudou nos levantamentos para a documentação enviada ao IPHAN – e o Projeto URBAL /VICTUR, onde visitamos as comunidades do interior de Caxias do Sul para a realização de um inventário sobre o patrimônio rural”, destaca.

Para Mônica, o trabalho desenvolvido no TaliesEM é tratado como uma experiência gratificante: “As atividades me ajudaram a ver a arquitetura com outros olhos: tenho uma profissão que atende a todas as classes e que pode realmente impactar na mudança da qualidade de vida das pessoas, da comunidade e da cidade. E, muitas vezes, estas mudanças não precisam ser grandes, mas o impacto delas é”, conclui.

O arquiteto na sociedade
O curso de Arquitetura e Urbanismo da UCS atua para formar profissionais competentes em identificar e propor soluções para atender as necessidades de indivíduos, de grupos sociais e de comunidades, inclusive as economicamente menos privilegiadas, respondendo com excelência às exigências estéticas, funcionais, construtivas, ambientais, de segurança, conforto e higiene.

Cooperativa Vila Esperança, em 2003

Inserida neste contexto, a experiência da formanda de 2006, Alessandra Braun Teixeira, no TaliesEM, fez com que descobrisse o quanto é importante o papel do arquiteto na sociedade,como profissionais que podem “fazer muito mais do que trabalhar para uma elite: podemos, realmente, melhor a vida das pessoas, não importando qual a sua classe social”.

Alessandra foi uma das alunas responsáveis pela criação do escritório modelo em 2003, participando como acadêmica até 2005 e, como egressa, até 2009. Ela desenvolveu vários projetos, tanto na área urbana – como ações comunitárias e ações socioeducativas – como na área rural – com o levantamento do patrimônio cultural e histórico. Para ela, “a vida não-convencional do TaliesEM ensina a sermos melhores na vida profissional, na vida pessoal e afetiva e a sermos melhores seres humanos”, conclui.

Para a coordenadora do TaliesEM, professora Terezinha de Oliveira Buchebuan, “a participação – que é voluntária por parte dos alunos – no Escritório evidencia a possibilidade de enxergar o papel social da Arquitetura, para além da teoria e do mercado imobiliário, tão característico das cidades capitalistas de hoje. Porém, a transformação pessoal, o nosso crescimento como seres humanos é sempre o mais reverenciado. É o que nos permite entender nossa responsabilidade como cidadãos, como responsáveis pelo que fazemos não só nas nossas cidades, mas nas nossas vidas e no contato com as comunidades”, conclui Terezinha.

Retrospectiva
A mostra retrospectiva traz fotos de diversas ações socioeducativas, como as realizadas no Bairro Euzébio Beltrão de Queiroz, no Projeto CRAS (no Bairro Reolon), na Escola Machado de Assis (também no Bairro Reolon), na Escola João Grendene (em Farroupilha), na elaboração do Plano de Contigências entregue à Prefeitura Municipal de São Francisco de Paula (após o temporal de março de 2017), a participação de eventos em Brasília e Santa Catarina, a elaboração de projetos de ocupações de áreas verdes e documentações para instrução de processos de tombamento, como de Santa Tereza e inventários do patrimônio histórico rural de Caxias do Sul.

Arquitetura do coletivo para o coletivo
“Embora depoimentos sejam sempre percepções pessoais, talvez eu possa traduzir um sentimento que para nós, integrantes do TaliesEM, é comum. Posso dizer que tudo mudou no momento que aceitei o desafio de estar, de ‘pertencer’ ao Escritório Modelo: – a visão do que é Arquitetura, a vivência dos trabalhos em grupo, as relações de amizade, as relações afetivas… Delírio? Nem de longe! Provavelmente cada membro, possa relatar o que é esta sensação de pertencimento e que diferença isto faz na sua vida pessoal e acadêmica. Temos experiências, vidas, sonhos ou ideais diferentes.Discutimos, brigamos, trocamos ideias, abrimos mão de algumas certezas. Rimos, choramos, fazemos festa e claro, trabalhamos muito. Trabalhamos com comunidades carentes, comunidades acadêmicas, realizamos levantamentos, pesquisas, trabalhos vinculados à extensão universitária. Temos professores, alunos voluntários, estagiários, um universo de diferenças. Compartilhamos estas diferenças, unimos esforços, enfrentamos os próprios limites, vivemos situações reais de aprendizagem.Aceitamos as limitações de cada um, de cada trabalho e fazemos disto algo que nos faz crescer enquanto conjunto. Concretizamos o chavão: ‘cada um faz sua parte’. Só que nenhuma é mais ou menos importante que a outra. Todas são essenciais. Arquitetura para nós é isso: compartilhar momentos, sonhos, ideais, melhorar a nossa vida e a vida das pessoas para quem trabalhamos. É assim que passamos a viver a Arquitetura pós-TaliesEM: Arquitetura do coletivo para o coletivo.Viver a arquitetura e da arquitetura pode ser um objetivo de vida para os práticos, ou, um sonho para os utópicos. Não importa o seu perfil, o que importa é que você não se furte a esta vivência única, que só o Escritório Modelo é capaz de proporcionar”.  Depoimento da coordenadora do TaliesEM, professora Terezinha de Oliveira Buchebuan.

Fotos: Divulgação