Olimpíada de Filosofia aborda desafios nas escolhas da vida de estudantes

Assessoria de Comunicação da Universidade de Caxias do Sul - 20/10/2023 | Editado em 23/10/2023

Campus-Sede da UCS recebeu 300 alunos de 13 escolas para debater sobre as características da vida humana, visando à preparação para as decisões da idade adulta

A Universidade de Caxias do Sul realizou nesta sexta-feira, 20 de outubro, a etapa regional da 16ª edição da Olimpíada de Filosofia do Rio Grande do Sul. A atividade reuniu 300 estudantes de 13 escolas de Ensino Fundamental e Médio da Serra Gaúcha e da região metropolitana. Nesta edição, o evento colaborativo e não competitivo levou ao pensamento em preparação para a vida individual e coletiva em sociedade, e às reflexões filosóficas sobre os diferentes aspectos da vida humana, especialmente os ligados às escolhas formativas e à expressão de modos de responder aos desafios apresentados.

Na abertura do evento, os estudantes foram recepcionados no Centro de Convivência por professores caracterizados de figuras históricas da filosofia antiga, moderna e contemporânea, como Sócrates, Hipátia de Alexandria, Immanuel Kant e Hannah Arendt. Após, no Bloco E, professores e estudantes do curso de Filosofia da UCS ministraram 14 oficinas. Entre as temáticas estavam adaptação à velocidade da informação, desconstrução da obviedade da vida, decisões políticas e democracia, educação para a paz, existencialismo e liberdade nas escolhas da vida e profissões na era da inteligência artificial.

Emili Schmidt.

A professora e doutoranda em Filosofia pela UCS, Aline Canella, esteve à frente da oficina sobre escolha profissional. Ela citou a preparação dos docentes para a Olimpíada e destacou que essas atividades proporcionam a troca de conhecimento entre professor e aluno. “Este dia é uma forma de retomar os valores filosóficos para a vida e o cotidiano dessas crianças e adolescentes”. Atenta às lições da oficina estava a estudante do Ensino Médio Emili Schmidt, da Escola Cristo Rei, de São Leopoldo. Com professores de Filosofia na família, disse estar acostumada com termos dessa área do conhecimento desde a infância. “Convivo desde sempre (com a Filosofia), então é muito interessante”, frisou. Sobre o evento, afirmou a importância da introdução feita pelos professores sobre os temas, o que incentiva a reflexão dos jovens.

Davi Rodrigues da Silva Nora.

A presença da Filosofia na Literatura foi a oficina escolhida pelo estudante do Ensino Médio do Colégio Murialdo, de Caxias do Sul, Davi Rodrigues da Silva Nora. Sua justificativa é que, na sua ótica, por meio das obras literárias encontra-se uma maneira mais simples de se refletir filosoficamente, pontuando que o mundo é feito de histórias. Davi Nora ainda destaca o seu gosto por esta área do conhecimento: “Sempre me interessei pela Filosofia, porque entendo que a gente precisa refletir sobre o mundo ao nosso redor e como as coisas funcionam nele. Gosto de pensar nesse assunto”, conclui.

Caroline Lima.

Da Olimpíada para a sala de aula

A edição de 2014 da Olimpíada marcou o início da trajetória de Caroline Lima na docência. Então aluna do Ensino Médio, foi incentivada por seu professor de Filosofia à época a participar. A experiência determinou a escolha pela licenciatura em Filosofia pela UCS, onde ingressou e formou-se anos mais tarde. Hoje professora, teve a oportunidade de retornar ao Campus e ao bloco onde viveu sua jornada acadêmica, agora com a turma de estudantes da Escola São Rafael, de Flores da Cunha, onde leciona na Educação Básica. Durante outras quatro edições, enquanto acadêmica, fez parte da organização da Olimpíada.

Dentre os ensinamentos que recebeu ainda na escola, compartilhou sobre a importância de se fazer o que gosta na vida profissional, para, assim, evitar frustrações na vida adulta. Sobre o retorno nostálgico à UCS, enfatiza que a Filosofia nunca a decepcionou. “Às vezes passamos um bom tempo da jornada escolar nos questionando no que se é bom, e aí nos deparamos com a Filosofia e encontramos um espaço onde se pode explorar as habilidades e ser quem você é”.

Caroline relaciona o contexto vivido na pandemia com a introspecção que percebe nos adolescentes, e chama atenção de que a Olimpíada é uma oportunidade de eles verem coisas diferentes e de se surpreenderem, além de oportunizar a esses estudantes a busca pela desconstrução e a socialização. “Temos muitos alunos com aptidões na área de humanas, e este é um ambiente propício para que eles saibam que têm habilidades e que não estão sozinhos”, refletiu.

Professores e estudantes do curso de Filosofia da UCS ministraram 14 oficinas aos participantes,

Pioneirismo

A Universidade de Caxias do Sul é uma das pioneiras do movimento da Olimpíada de Filosofia no Brasil. A primeira edição estadual foi realizada em 2008, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), em Porto Alegre. Desde 2010, a UCS passou a sediar o evento anualmente em seu Campus-Sede, sob a coordenação do curso de Filosofia da instituição. Diretor da Área do Conhecimento de Humanidades, o professor Vanderlei Carbonara ressalta que a Olimpíada é o principal vínculo do curso de Filosofia da Universidade com a filosofia presente nas escolas. O professor enaltece que a maioria dos professores que hoje trazem seus alunos às atividades são egressos da UCS.

Carbonara evoca o princípio humanístico da UCS e o compromisso na formação de pessoas autônomas, críticas e realizadas para que possam fazer a diferença na sociedade onde elas estão. Por fim, Carbonara destacou a relevância do ensino das Ciências Humanas nas escolas: “É preciso ter clareza que a filosofia, as humanidades em geral, assim como as artes, estão diretamente vinculadas com o projeto de formação de pessoas. Quem prioriza essa formação nas escolas é porque valoriza o ser humano”.

Fotos: Bruno Zulian e Pedro Rosano