Biotecnologia: estudos de pós-graduação comprovam a ação antioxidante e antimutagênica em 23 tipos de frutas brasileiras.

Quem vive no corre-corre da vida moderna e se preocupa com a saúde, normalmente sofre por não ter muito tempo para fazer uma alimentação saudável. Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia, no entanto, comprovou que a polpa congelada de 23 tipos de frutas mantém grande parte da atividade benéfica da fruta in natura. Isso significa que ela mantém as propriedades antioxidantes e antimutagênicas de antes do congelamento.

A pesquisa foi a tese de Doutorado em Biotecnologia de Patrícia Spada (foto à direita), aprovada com conceito máximo por uma banca composta por professores de instituições da Alemanha, da Universidade de Santa Cruz do Sul e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no dia 12 de dezembro. O estudo é o primeiro no mundo a reunir todos estes tipos de frutas. Patrícia, que já era graduada em Ciências Biológicas e mestre em Biotecnologia conseguiu analisar e identificar as propriedades benéficas do abacaxi, acerola, açaí, amora, caju, coco, cupuaçu, framboesa, graviola, goiaba, kiwi, laranja, limão, maçã, mamão, manga, maracujá, melão, morango, pêssego, pitanga, tangerina e uva.

A pesquisadora também se preocupou em aprofundar o estudo com uma fruta brasileira ainda pouco pesquisada: o açaí. Além de fazer a determinação de macronutrientes, como em todas as frutas pesquisadas, Patrícia também testou o açaí em cérebros de ratos. "O açaí mostrou ser bastante eficiente como antioxidante em cobaias". A pesquisadora identificou também que a polpa do açaí age no sistema nervoso central dos animais, o que indica que pode prevenir doenças degenerativas.

Suco de uva contra o envelhecimento
Em outra pesquisa, a também doutoranda em Biotecnologia, Caroline Dani, comprovou a ação antioxidante e antimutagênica dos sucos de uva. O estudo, realizado em ratos, mostrou os efeitos benéficos dos polifenóis, compostos encontrados na casca da uva e que possuem ação antioxidante e inibem a proliferação de células cancerosas.

As descobertas feitas pela pesquisadora durante o Mestrado em Biotecnologia, agora ganharam novos contornos. Depois de descobrir que a ação antioxidante da uva, até então só conhecida em vinhos, especialmente nos tintos, também estava presente nos sucos de uva brancos, tintos e rosé, a pesquisadora mostrou no seu Doutorado, o efeito antimutagênico do sucos, ou seja, a capacidade de prevenção de danos ao DNA, os quais estão associados ao câncer. "Não é possível afirmar, genericamente, se é melhor a ingestão de vinho ou suco. Esta avaliação deve ser feita de forma individual, explica a orientadora do doutorado, professora Mirian Salvador. "A novidade é que descobrimos que os compostos fenólicos conseguem atravessar a barreira hematoencefálica, o que significa que podem prevenir doenças como Parkinson e Alzheimer", destaca.

Ação antioxidante
O resveratrol é um dos polifenóis mais famosos, existente no vinho e nos sucos de uva. A sua ação antioxidante é capaz de inibir a oxidação do LDL, o colesterol ruim. Quando oxidada, essa molécula pode se depositar nas artérias até obstruí-las, provocando um infarto – ou, se o acidente acontecer no cérebro, um derrame.

Saiba mais
Polifenóis – Encontrados em diversas formas na natureza, os polifenóis possuem grande poder de neutralizar os radicais livres (que causam lesão às células e, conseqüentemente, doenças), sendo consideradas, portanto, como antioxidantes.

Resveratrol – Considerado um dos mais potentes antioxidantes que auxiliam no combate aos radicais livres, o resveratrol é uma fitoalexina, uma classe de compostos denominados antibióticos naturais, produzidos como parte de defesa das plantas, quando estas estão submetidas a condição de estresse ou por ataque de pragas (esta situação é comum nas épocas de chuvas). O resveratrol é encontrado em uma película junto à casca das uvas.

Texto Claiton Stumpf