Este estudo tem como objetivo analisar a inclusão financeira nos países dos BRICS no contexto da digitalização financeira, identificando avanços, desafios e políticas para ampliar o acesso e o uso de serviços financeiros digitais. A pesquisa adota abordagem qualitativa, utilizando análise documental de relatórios oficiais, planos estratégicos e publicações multilaterais, sistematizadas por meio da análise de conteúdo, permitindo identificar padrões, divergências e lições aprendidas nos contextos nacionais dos BRICS. A análise evidencia três trajetórias distintas de inclusão financeira digital: (i) Estado como Arquiteto, em China e Rússia, com liderança centralizada do Estado; (ii) Infraestrutura Digital como Bem Público, na Índia, em que o Estado fornece a base tecnológica e o setor privado é incentivado à inovação; e (iii) Paradoxo da Sofisticação e Exclusão, no Brasil e África do Sul, onde o desafio central é transformar o acesso formal em uso efetivo. Os achados indicam descompasso entre acesso e uso em países com inclusão superficial, baixo letramento financeiro e risco de endividamento, e destacam a relação entre digitalização, soberania e sustentabilidade, mostrando diferentes prioridades estratégicas em cada país. O estudo amplia a literatura sobre inclusão financeira nos BRICS e oferece lições práticas para outras economias emergentes, destacando a importância do papel do Estado, da infraestrutura pública e da integração de políticas sociais e educacionais.