Última alteração: 2025-10-07
Resumo
Os sorteios têm sido amplamente utilizados como mecanismo para garantir justiça na alocação de bens indivisíveis, como tarefas, moradias ou vagas em instituições de ensino. No contexto dos Institutos Federais, especialmente após a pandemia da COVID-19 em 2020, essa prática consolidou-se como um recurso recorrente nos processos seletivos para ingresso de estudantes. Entretanto, a realização de sorteios justos, transparentes e auditáveis ainda constitui um desafio relevante para as instituições públicas. A ausência de padronização e de critérios claros nos procedimentos, somada à desconfiança social em relação aos sorteios computacionais e à complexidade introduzida pelas políticas de reserva de vagas, evidencia a necessidade de um sistema automatizado, preciso e confiável para assegurar a correta alocação das vagas. Diante disso, esta pesquisa teve como objetivo propor uma solução de sorteio computacional através do desenvolvimento de um software que realize o sorteio e identifique os aprovados considerando a política de reserva de vagas adotada. Para sua concepção, adotou-se a metodologia Design Science Research (DSR), que orienta a construção detalhada e a prescrição de artefatos. A avaliação ocorreu por meio da apresentação do artefato a usuários-chave dos processos seletivos do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), com o intuito de coletar percepções e validar sua aplicabilidade. Os resultados obtidos evidenciam contribuições tanto teóricas quanto práticas para o campo dos sorteios computacionais. O estudo aprofunda discussões sobre conceitos como aleatoriedade e auditabilidade, além de incorporar dimensões de qualidade de software à solução proposta. Ademais, o artefato desenvolvido foi estruturado de forma a constituir um referencial prático, suscetível de adoção ou adaptação por outras instituições públicas. Apesar dos avanços, ainda persistem desafios relacionados à viabilidade de uma implementação integral, ao desempenho em larga escala, à interoperabilidade com sistemas já existentes e à necessidade de maior aceitação institucional e social.