Sinopse
Este é um livro sobre o amor. Mas não o amor
das declarações empoladas ou dos gestos
dramáticos. Não. Falamos aqui de um vínculo
que reconhece a interdependência de todos os
seres vivos e respeita o valor intrínseco de cada
um deles. Um amor que se concretiza na justiça
e na responsabilidade. Um amor político e
ecológico, concretizado no cuidado com a vida,
revelado em gestos cotidianos em relação à
natureza e azeitado pela empatia ampliada, que
inclui humanos, plantas, outros animais, fungos,
rios, florestas, montanhas, vapores e ares, todos
merecedores de respeito e de afeto. Esse amor
rompe com a lógica utilitarista que vê a natureza
como mero recurso. Ele funda uma relação
existencial, um ethos e uma espiritualidade que
entende o mundo como belo, sagrado e dotado
de sentido. Trata-se de um amor que nos mistura,
religa, reconcilia, reintegra, instaura e restaura.
Na imagem da capa deste livro - presente do
grande artista, amante da vida, Ronaldo Fraga
-, esse amor pulsa na carne viva de um coração
no qual brotam flores. Esse coração é um
recipiente do amor, um vasilhame de vida. A
natureza dá forma à flor e a equipa para os
trabalhos do amor, escreveu Goethe em seus
estudos botânicos. Foi também na flor que
Rousseau viu o sumário do mundo. Sendo
símbolo do amor, ela atrai, fecunda, dispersa,
inspira. Cravada no coração humano - que
também é um coração animal -, ela celebra o
amor como o vínculo afetivo mais eficaz para
combater a hostilidade e a indiferença que
fundam a maior crise da nossa civilização,
aquela que nos coloca cada vez mais perto de
um perverso fim. Sendo um convite ao amor,
esta obra é uma evocação e um chamado. Acreditamos,
como Thoreau, que o mundo será
salvo pela natureza. Para isso, guardemos a vida
no coração, no frágil equilíbrio de todos os seres
que demandam cuidado, atenção, amor e
responsabilidade.