A Engenharia é sinônimo de desenvolvimento. Em países emergentes, como o Brasil, a Engenharia se mostra indispensável para a ampliação da infraestrutura, para a melhoria na qualidade de serviços prestados à sociedade e para a resolução de problemas de caráter econômico e social. O Brasil tem hoje cerca de 750 mil engenheiros, o que equivale a seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas. Os Estados Unidos e o Japão têm 25 engenheiros para cada mil trabalhadores, e a França tem 15 por mil. A China forma cerca de 450 mil engenheiros ao ano, a Índia forma 200 mil e a Coreia do Sul, 80 mil. A Coreia do Sul tem uma população quatro vezes menor que a brasileira e, apesar disso, forma em torno de 10 vezes mais engenheiros do que o Brasil, proporcionalmente falando.

Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria, o Brasil precisava de mais 150 mil engenheiros até o final de 2012, contudo a taxa de formandos em engenharia tem sido da ordem de 50 mil engenheiros ao ano. Para que a taxa de crescimento do PIB fosse mantida em 5%, seria necessário formar 100 mil engenheiros ao ano.

A partir de 2007, a Agência Brasileira de Inovação (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) têm apoiado ações nas universidades brasileiras, que visam a aumentar o número de estudantes nas áreas tecnológicas. Neste contexto, no final de 2007, o projeto "Engenheiro do Futuro", também conhecido como EngFUT, foi elaborado por pesquisadores do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia (CCET) da Universidade de Caxias do Sul, com o objetivo de promover as ciências exatas e a engenharia entre professores e estudantes de Ensino Médio. Este projeto foi aprovado no Programa de Modernização e Valorização da Engenharia (Promove) da Finep. O EngFUT tem, como principal objetivo, melhorar a formação pedagógica dos professores de Ensino Médio e aumentar o interesse dos estudantes pelas áreas tecnológicas conduzindo-os a uma futura carreira na área das Ciências Exatas.

No início de 2010, o projeto Novos Desafios para o Engenheiro do Futuro (Petrofut), também desenvolvido por pesquisadores da UCS, foi aprovado pela FINEP na chamada Promopetro, e, no final de 2012, quatro projetos da UCS foram aprovados na chamada Forma Engenharia do CNPq.

Todas as atividades desenvolvidas nesses projetos e outras realizadas com os professores de Engenharia da UCS, a fim de capacitá-los a incorporarem em suas aulas estratégias pedagógicas mais eficazes para educar o futuro engenheiro e evitar a evasão, propiciaram à UCS a oportunidade de organizar um importante evento na área de Educação em Engenharia. Em janeiro do próximo ano, nos dias 20, 21 e 22, estará ocorrendo na UCS o 12º Workshop Internacional em Aprendizagem Ativa na Educação em Engenharia (ALE 2014), promovido pela ALE Network e pelo CCET, que terá como tema principal "Atraindo jovens para a Engenharia". Este evento reunirá participantes do Brasil e de vários outros países, engajados com a melhoria da Educação em Engenharia e com a captação de novos talentos para a área das Ciências Exatas.

Finalmente, com as atividades oferecidas nesses projetos e com a vinda do ALE 2014 para o Brasil, esperamos alcançar, nessas áreas, resultados com efeitos duradouros que devem surtir efeitos positivos, a curto, médio e longo prazos, não somente na região de abrangência da UCS, mas em todo o país. Trabalhamos para que essas ações contribuam na formação de um maior número de cientistas, engenheiros e tecnólogos, para atuarem nas empresas da região. Esperamos que estes profissionais sejam empreendedores e tenham habilidades e competências para atuarem nas indústrias brasileiras, e de qualquer outro país, em pesquisa, desenvolvimento e inovação de forma sustentável.

Valquíria Villas Boas Gomes Missell é doutora em Ciências, coordenadora dos projetos EngFUT, Petrofut e Forma Engenharia; professora no Centro de Ciências Exatas e Tecnologia e no Programa de Mestrado Profissional de Ensino de Ciências e Matemática.