LIMPEZA OCEÂNICA

GRUPO DE PESQUISADORES DA UCS INTEGRA PROJETO QUE PREVÊ A LIMPEZA DOS OCEANOS

ANA LAURA PARAGINSKI | alparaginski@ucs.br

Uma boia em forma de V faz a retenção do lixo que se acumula no oceano.

Uma boia em forma de V faz a retenção do lixo que se acumula no oceano.

Avaliar o lixo que flutua nos oceanos e dizer se esses materiais podem ser reciclados é o principal objetivo do grupo de pesquisadores da UCS, que faz parte do Projeto The Ocean Cleanup, idealizado pelo jovem holandês de 19 anos Boyan Slat. Em outubro de 2013, a professora do curso de Tecnologia em Polímeros e do curso de Mestrado em Engenharia de Processos e Tecnologia da UCS, Rosmary Nichele Brandalise, mostrou um vídeo sobre o projeto ao aluno do curso de Engenheira Ambiental e bolsista de Iniciação Científica da UCS Kauê Pelegrini. ?Fiz contato por skype com o responsável e comentei com ele sobre o nosso interesse de integrar o projeto da Holanda, expressando que poderíamos colaborar com a realização de análises no laboratório de polímeros da instituição?, conta Kauê.

The Ocean Cleanup - Materiais vindos para análise.

Materiais vindos para análise.

Boyan Slat visa à limpeza dos oceanos por meio de um projeto ousado que alia técnicas simples e eficazes através da criação de barreiras flutuantes com a função de conduzir e extrair os materiais poliméricos (plásticos e borrachas) dos oceanos. O coordenador do curso de Tecnologia em Polímeros, professor Diego Piazza, diz que a função do grupo local é avaliar o nível de degradação dos resíduos recolhidos perto do Havaí, no Oceano Pacífico, e propor, através da reciclagem, uma alternativa de utilização destes materiais retirados do ambiente marinho.

O primeiro contato com a equipe responsável pela ação foi em outubro de 2013. Após o aceite do ingresso do grupo da UCS, a equipe recebeu o primeiro lote de resíduos com cerca de 6 kg em novembro do mesmo ano.

The Ocean Cleanup - Saboneteiras produzidas
com o material após processo
de análise e reciclagem.

Saboneteiras produzidas com o material após processo de análise e reciclagem.

A partir disso, o aluno Kauê fez a separação e identificação qualitativa e quantitativa do material, além de efetuar a moagem e lavagem em quantidades específicas de água e detergente. Após esse processo, foi realizada a secagem do material e a caracterização, por meio de técnicas combinadas, com o objetivo de verificar o índice da oxidação presente e poder indicar se os materiais podem ser reciclados e para quais fins. Nesta primeira avaliação, o lixo oceânico foi transformado em capas plásticas para livros e saboneteiras. ?A ideia é transformar esses resíduos em materiais que possam ser usados para divulgação do projeto?, comenta a professora Rosmary Brandalise.

The Ocean Cleanup - Equipe de
pesquisadores da
UCS: aluno Kauê
Pelegrini (esquerda),
professora Rosmary
Nichele Brandalise e
professor
Diego Piazza.

Equipe de pesquisadores da UCS: aluno Kauê Pelegrini (esquerda), professora Rosmary Nichele Brandalise e professor Diego Piazza.

Informações sobre o projeto The Ocean Cleanup podem ser obtidas através do site do Projeto.

MERGULHANDO EM IDEIAS

A ideia do projeto concebido por Boyan surgiu quando ele esteve na Grécia e, ao realizar um mergulho, enxergou mais lixo do que peixes. Daí a ideia da limpeza oceânica, que prevê a instalação de 100 km de boias flutuantes para a captação do lixo. Para que o projeto tenha andamento, são necessários 2 milhões de dólares.

LIXÕES FLUTUANTES
Sistema construído com placas
de energia solar recolhe o lixo
através de uma esteira e o estoca
até um navio vir recolhê-lo.

Sistema construído com placas de energia solar recolhe o lixo através de uma esteira e o estoca até um navio vir recolhê-lo.

No Oceano Pacífico, numa imensa região do mar que começa a cerca de 950 quilômetros da costa californiana e chega ao litoral havaiano, existem grandes lixões flutuantes formados por redemoinhos que prendem lixo de todos os oceanos. As correntes marítimas, como a do Círculo Polar Antártica, ligam os três oceanos da Terra. O lixo que entra nessas áreas, após vagar pelos oceanos de todo o planeta, fica preso nas correntes, formando as duas manchas gigantes de plástico. Assim, grande parte dos resíduos do Atlântico e do Índico acaba se dirigindo para o Pacífico, mesmo que leve décadas percorrendo os mares do mundo. Estima-se que seu tamanho seja de 15 milhões de quilômetros quadrados, se contados os pedaços menores de plástico e microplásticos, o que corresponde a cerca de duas vezes a área do Brasil. Acredita-se que 90% do lixo flutuante nos oceanos é composto de plástico ? um índice compreensível, já que esse material é um dos que levam mais tempo para se decompor na natureza. Metade desses resíduos todos é lançada no mar por navios e plataformas de petróleo. A outra parte deságua nos oceanos trazida por rios espalhados pelo mundo.



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O texto acima está publicado na décima quarta edição da Revista UCS que já está sendo distribuída nos campi e núcleos.

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